Orar a Deus é pensar Nele; é aproximar-se Dele; é pôr-se em comunicação com Ele.
1. Aquele que ora com fervor e confiança é mais forte contra as tentações do mal, e Deus envia-lhe bons Espíritos para assisti-lo. É um auxílio que nunca é recusado, quando é pedido com sinceridade.
1. Aquele que ora com fervor e confiança é mais forte contra as tentações do mal, e Deus envia-lhe bons Espíritos para assisti-lo. É um auxílio que nunca é recusado, quando é pedido com sinceridade.
2. O essencial não é orar muito, mas orar bem. Certas pessoas crêem que todo o mérito está na extensão da prece, enquanto fecham os olhos para seus próprios defeitos. A prece é para eles uma ocupação, um emprego do tempo, mas não uma análise de si mesmos. 3. Aquele que pede a Deus o perdão de seus erros não o obtém senão mudando de conduta. As boas ações são a melhor das preces, pois os atos valem mais que as palavras.
4. A prece é recomendada por todos os bons Espíritos; é, além disso, pedida por todos os Espíritas imperfeitos como um meio de tornar mais leves seus sofrimentos.
5. A prece não pode mudar os desígnios da Providência; mas, vendo que há interesse por eles, os Espíritos sofredores se sentem menos desamparados; tornam-se menos infelizes; ela exalta sua coragem, estimula neles o desejo de elevar-se pelo arrependimento e reparação, e pode desviá-los do pensamento do mal. É nesse sentido que ela pode não só aliviar, mas abreviar seus sofrimentos.
6. Cada um ore segundo suas convicções e o modo que acredita mais conveniente, pois a forma não é nada, o pensamento é tudo; a sinceridade e a pureza de intenção é o essencial; um bom pensamento vale mais que numerosas palavras, que se assemelham ao barulho de um moinho e onde o coração não está.
7. Deus fez homens fortes e poderosos para que fossem sustentáculos dos fracos; o forte que oprime o fraco é advertido por Deus; em geral ele recebe o castigo nesta vida, sem prejuízo do futuro.
8. A fortuna é um depósito cujo possuidor é tão-somente o usufrutuário, já que não a leva com ele para o túmulo; ele prestará rigorosas contas do emprego que fez dela.
9. A fortuna é uma prova mais arriscada que a miséria, porque é uma tentação para o abuso e os excessos, e porque é mais difícil ser moderado que ser resignado.
10. O ambicioso que triunfa e o rico que se sustenta de prazeres materiais são mais de se lamentar que de se invejar, pois é preciso ter em conta o retorno. O Espiritismo, pelos terríveis exemplos dos que viveram e que vêm revelar sua sorte, mostra a verdade desta afirmação do Cristo: "Aquele que se orgulha será humilhado e aquele que se humilha será elevado."
11. A caridade é a lei suprema do Cristo: "Amem-se uns aos outros como irmãos; - ame seu próximo como a si mesmo; perdoe seus inimigos; - não faça a outrem o que não gostaria que lhe fizessem"; tudo isso se resume na palavra caridade.
12. A caridade não está só na esmola pois há a caridade em pensamentos, em palavras e em ações. Aquele caridoso em pensamentos, é indulgente para com as faltas do próximo; caridoso em palavras, não diz nada que possa prejudicar seu próximo; caridoso em ações, assiste seu próximo na medida de suas forças.
13. O pobre que divide seu pedaço de pão com um mais pobre que ele é mais caridoso e tem mais mérito aos olhos de Deus que o que dá o que lhe é superfluo, sem se privar de nada.
14. Aquele que nutre contra seu próximo sentimentos de animosidade, ódio, ciúme e rancor, falta à caridade; ele mente, se se diz cristão, e ofende a Deus.
Prece
A ti,Senhor. elevo minha alma. Em ti, Senhor, eu confio: que eu não fique decepcionada, nem triunfem sobre mim os inimigos. Na verdade, não ficam decepcionados os que em ti esperam, mas decepcionados ficarão os que traírem a fé por uma futilidade. Ensina-me, Senhor, os teus caminhos, revela-me tuas sendas! Dirije-me no caminho da verdade e me ensina, porque Tu és o Deus, meu Salvador, e em ti, espero todos os dias. Lembra-te, Senhor, que tua ternura e teus favores são eternos! Não recordes os pecados de minha juventude, mem minhas faltas! Lembra-te de mim, segundo tua misericórdia, por causa de tua bondade, Senhor!
O Senhor é bom e justo; por isso mostra o caminho aos pecadores, encaminha os humildes segundo a justiça, ensina aos humildes o caminho. Todas as sendas do Senhor são amor e fidelidade para os que guardam sua aliança e suas leis. Por causa de Teu Nome, Senhor, perdoa minha culpa que é grave! Há alguém que tema o Senhor? Ele lhe mostrará o caminho a escolher. Sua alma descansará na prosperidade, e sua descendência possuirá a terra. O Senhor se faz íntimo dos que o temem e lhes dá a conhecer a aliança. Meus olhos estão sempre fixos no Senhor, pois ele livra da rede os meus pés.
Volta-te para mim e tem piedade, pois estou só e oprimida. Os infortúnios tomaram conta de meu coração, tira-me das angústias! Vê minha miséria e tribulação e perdoa-me todos os pecados! Vê quantos são os meus inimigos e como me odeiam com ódio violento! Guarda minha alma e salva-me! Que eu não fique decepcionada por ter-me refugiado em Ti! A honradez e a retidão me sejam de valia, pois em Ti ponho minha esperança. Ó Deus, salva a mim familia de todas as tribulações!
Fazer 3 pedidos: 2 difíceis e 1 impossível.
O Senhor é bom e justo; por isso mostra o caminho aos pecadores, encaminha os humildes segundo a justiça, ensina aos humildes o caminho. Todas as sendas do Senhor são amor e fidelidade para os que guardam sua aliança e suas leis. Por causa de Teu Nome, Senhor, perdoa minha culpa que é grave! Há alguém que tema o Senhor? Ele lhe mostrará o caminho a escolher. Sua alma descansará na prosperidade, e sua descendência possuirá a terra. O Senhor se faz íntimo dos que o temem e lhes dá a conhecer a aliança. Meus olhos estão sempre fixos no Senhor, pois ele livra da rede os meus pés.
Volta-te para mim e tem piedade, pois estou só e oprimida. Os infortúnios tomaram conta de meu coração, tira-me das angústias! Vê minha miséria e tribulação e perdoa-me todos os pecados! Vê quantos são os meus inimigos e como me odeiam com ódio violento! Guarda minha alma e salva-me! Que eu não fique decepcionada por ter-me refugiado em Ti! A honradez e a retidão me sejam de valia, pois em Ti ponho minha esperança. Ó Deus, salva a mim familia de todas as tribulações!
Fazer 3 pedidos: 2 difíceis e 1 impossível.
orações
Às vezes, porque o presente está muito difícil, levamos nossa atenção ao futuro esperando que a situação melhore no futuro. Imaginando que o futuro será melhor, mais facilmente aceitamos o sofrimento e as privações do presente. Mas, outras vezes, pensar sobre o futuro pode nos causar muito medo e ansiedade, e mesmo assim não conseguimos parar de fazer isso.
A razão pela qual continuamos a pensar no futuro mesmo quando não queremos é por causa das formações mentais. Mesmo sem estar aqui ainda, o futuro já está produzindo fantasmas que nos assustam. Na verdade, estes fantasmas não são produzidos pelo futuro ou pelo passado. É a nossa consciência que os cria. O passado e o futuro são criações da nossa consciência.
As energias por traz do nosso pensar sobre o nosso futuro são nossas esperanças, sonhos e ansiedades. Nossas esperanças podem ser resultado de nossos sofrimentos e falhas. Como o presente não nos traz felicidade, permitimos que nossas mentes viajem para o futuro. Esperamos que no futuro, a situação seja mais brilhante:
“Quando alguém pensa como seu corpo será no futuro, como seus sentimentos serão no futuro, como suas formações mentais serão no futuro, como sua consciência será no futuro…“.
Pensar desta maneira pode nos dar coragem para aceitar a falha e o sofrimento no presente. O poeta Tru Vu disse que o futuro é a vitamina para o presente. Esperança nos traz de volta algumas das alegrias da vida que perdemos.
Todos sabemos que esperança é necessária para a vida. Mas de acordo com o budismo, a esperança pode ser um obstáculo. Se investirmos nossa mente no futuro, não teremos energia mental suficiente para encarar e transformar o presente. Naturalmente temos o direito de fazer planos para o futuro, mas fazer planos não significa ser varrido por sonhos, devaneios. Enquanto estamos fazendo planos, nossos pés devem estar firmemente plantados no presente. Só podemos criar o futuro da matéria prima do presente.
Todos sabemos que esperança é necessária para a vida. Mas de acordo com o budismo, a esperança pode ser um obstáculo. Se investirmos nossa mente no futuro, não teremos energia mental suficiente para encarar e transformar o presente. Naturalmente temos o direito de fazer planos para o futuro, mas fazer planos não significa ser varrido por sonhos, devaneios. Enquanto estamos fazendo planos, nossos pés devem estar firmemente plantados no presente. Só podemos criar o futuro da matéria prima do presente.
O ensinamento essencial do budismo é ser livre de todos os desejos no futuro, de forma a voltar com todo o nosso coração e mente para o presente. Realizar o despertar significa chegar em uma profunda e completa visão da realidade, que é o momento presente.
De forma a voltar ao presente e ficar face a face com o que está acontecendo, devemos olhar em profundidade no coração do que existe e experimentar sua verdadeira natureza. Quando fazemos isso, experimentamos um entendimento profundo que pode nos libertar do sofrimento e da escuridão.
De acordo com o budismo, inferno, paraíso, samsara e nirvana estão todos aqui no momento presente. Retornar ao momento presente é descobrir a vida e perceber a verdade. Todos os Despertos do passado têm seu Despertar no momento presente. Todos os Despertos do presente e do futuro realizarão o fruto do Despertar no presente também. Apenas o momento presente é real;
“O passado não mais existe e o futuro ainda não veio.”
Se não ficarmos de pé firmemente no momento presente, podemos nos sentir sem base quando olharmos para o futuro. Podemos pensar que no futuro estaremos sozinhos, sem lugar para nos refugiar e ninguém para nos ajudar.
“Quando alguém pensa como seu corpo será no futuro, como suas formações mentais serão no futuro, como sua consciência será no futuro…”
Estas preocupações sobre o futuro nos tiram a tranqüilidade, nos geram ansiedade e medo e não nos ajudam a tomar conta do momento presente. Eles apenas fazem nosso modo de lidar com o presente fraco e confuso. Há um ditado confucionista que diz que uma pessoa que não sabe como planejar para o futuro distante ficará preocupada e perplexa no futuro próximo. O propósito disto é nos lembrarmos de tomar conta do futuro, mas não ficarmos ansiosos e termos medo dele.
A melhor maneira de se preparar para o futuro e tomar muito cuidado com o presente, porque sabemos que se o presente é feito do passado, então o futuro é feito do presente. Tudo que precisamos no responsabilizar é pelo momento presente. Apenas o presente está no nosso alcance. Cuidar do presente é cuidar do futuro.
Do livro “Our appointment with life” – Thich Nhat Hanh.
Traduzido por Leonardo Dobbin.
Traduzido por Leonardo Dobbin.
Futuro
Na terra de Kardec ainda não há estudos realizados sobre o assunto. Mas, neuropsicológos creem que os sons podem ter fins terapêuticos para algumas doenças como o "autismo". Todavia, em determinadas frequências estimulam a imaginação ou a criatividade e podem provocar disfunções cerebrais, o que levaria às alucinações ou uma experiência "psicodélica". Outros afirmam que seu efeito não passa de auto-sugestão e não acreditam que existe risco de dependência.
O que são , afinal as "i-doses" ou "e-drugs"? são arquivos de áudio para computador que geram supostos efeitos alucinógenos. "São baseadas em hipótese e vendidas como fatos concretos"(2) Certamente a "e-drugs" tenha um efeito placebo, isto é, pode provocar alguma reação porque a pessoa acredita que aquele ruído pode levar a estado alterado de consciência. Mas não há evidência científica sobre essa reação psíquica.
A explicação dessas "e-drugs" são baseados na técnica bineural beats, ou seja, consiste na reprodução do som com duas frequências distintas, mas muito parecidas, uma em cada ouvido. Isso forçaria o cérebro a produzir uma terceira frequência, que iria equilibrar os outros dois estímulos. Ao criar essa terceira frequência, ele desencadearia sensações parecidas com as de entorpecentes.(?!...) Mas, profissionais especializados em drogas e toxicodependência indicam que não existe risco de dependência.
Há "trabalhos técnicos mostrando que as regiões cerebrais ativadas durante a audição de um ruido [a música por exemplo] que causa prazer à pessoa são as mesmas envolvidas em estímulos indutores de excitação, prazer e uso de drogas de maneira geral."(3) Mas, "não há registro de alterações significativas com estímulo sonoro. Já estímulos visuais ou alterações na frequência de luz podem causar uma alteração neurológica, como desencadear uma crise epilética"(4)
Sob qualquer hipótese , quando o assunto é "droga", percebemos que há um número bastante significativo de pessoas que, instantaneamente, associam essa palavra aos produtos cujo consumo não nos é lícito, quais sejam: a maconha, a cocaína, o crack, até mesmo as pílulas digitais , etc.. No entanto, esquecem-se de que, tanto do ponto de vista físico quanto espiritual, outros produtos tóxicos, e de livre comércio, são tão prejudiciais ou mais perniciosos, até, do que aqueles, como, por exemplo: a bebida alcoólica, o cigarro, as drágeas confeccionadas em laboratórios, etc
Quantos lares são desfeitos e quantos crimes são cometidos, cuja causa provém de estados de embriaguês? Quantas doenças incuráveis são diagnosticadas em pessoas que se lançaram à autocrueldade, pela dependência da nicotina? Portanto, o fato de ser uma "droga eletrônica" ou qualquer substância legal ou ilegal pode não ter uma relação direta com o perigo que oferece.
Os filhos que já se iniciaram nos maus vícios, mas que ainda não estabeleceram um nível de intimidade maior com as drogas, os pais podem e devem ampará-los com serenidade, ajudando-os, fundamentalmente, a não se tornarem dependentes. Os pais devem lhes ensinar a manterem acesa a chama da esperança, incutindo neles a idéia de que todas frustrações pessoais são passageiras e que são, apenas, momentos difíceis de ajuste da alma para o crescimento pessoal.
Em verdade, os filhos, quando crianças, registram em seu psiquismo todas as atitudes dos pais, tanto as boas quanto as más, manifestadas na intimidade do lar. Crescem, observando os adultos utilizando tranqüilizantes ao menor sinal de tensão ou nervosismo e, quase que imediatamente, presenciam os primeiros sinais de "serenidade e acalmia" exercidos pela ação do medicamento. São atentos, igualmente, às atitudes dos pais dos amigos com os quais se relacionam e a contradição, então, transparece, posto que muitos deles têm maneiras diversas de lidar com um filho. Alguns são totalmente contra o uso de quaisquer drogas, legalizadas ou não, mas a maioria considera socialmente aceitável o consumo de bebidas alcoólicas, o vício do cigarro, o uso de "energéticos", etc.. Isso tudo, sem falar no grave problema dos benzodiazepínicos, barbitúricos e metadona, cuja ingestão permanente pode causar dependência como qualquer outra droga alucinógena.
Na verdade, as drogas não deveriam ser avaliadas, tendo por base produtos químicos ou eletrônicos, ilegalidade ou legalidade, mas pelos malefícios que elas acarretam ao ser. Os adultos inventam sempre "desculpas esfarrapadas" e formas de justificar seus comportamentos paradoxais. Contudo, trata-se de um modelo de comportamento que não serve de referencial a alguém, muito menos àqueles que são adeptos aos moldes que Jesus nos veio ensinar.
Quantos pais que ao menor sinal de angústia, de desconforto, lançam mão de um "remedinho", de uma "cervejinha", de um "cafezinho", de um "cigarrinho", para aplacar a ansiedade de forma quase que instantânea. Esse é o princípio básico de paradigma de comportamento dependente, que observamos em um imenso número de adultos e pais, no qual, sem "desconfiômetros", estão mergulhados.
Tais pessoas, introjetam no inconsciente dos filhos, alunos, e jovens em geral, a idéia de que os problemas podem ser resolvidos, como que por um passe de mágica, com a "ajudazinha" de uma "substanciazinha", destilada ou fermentada; de uma "plantinha" inocente, do gênero nicotiana (solanaceae), conhecida por tabaco, de um "alcaloidezinho",também inofensivo, conhecido por cafeína, e assim por diante. Porém, todos atuam sobre o sistema nervoso central e alteram todo o metabolismo do indivíduo, igualmente.
Os pais devem estar sempre atentos e, incansavelmente, buscando um diálogo franco com os filhos, sobretudo, amparando-os moralmente, independentemente, de como se situam na escala evolutiva. Os pais não se devem desesperar, mormente no mundo de hoje. A melhor maneira de tentar neutralizar a atração que as drogas exercem será estimular os jovens a experimentar formas não-químicas (obviamente, exceto as sonoras) de obtenção de prazer. Os "baratos" podem ser obtidos através de atividades religiosas, intelectuais, artísticas, esportivas, etc.. Cabe aos adultos tentar conhecer melhor os jovens para estimulá-los a experimentar formas mais criativas de obter prazer e sensações intensas, mas dando-lhes exemplos de sobriedade.
É importante que os pais ensinem seus filhinhos a manterem permanente vigilância pela oração embasada numa fé raciocinada, nesse caso o Espiritismo propõe, dentre outras bênçãos, o fortalecimento e o equilíbrio mental. Uma coisa é certa: o Espiritismo não propõe soluções específicas, reprimindo ou regulamentando cada atitude, nem dita fórmulas mágicas de bom comportamento aos jovens. Prefere acatar, em toda sua amplitude, os dispositivos da lei divina, que asseguram a todos o direito de escolha (o livre-arbítrio) e a responsabilidade conseqüente de seus atos.
Exerçamos a cofiança em Deus, primeiramente, e optemos pela drágea do afeto, o comprimido do carinho, a e-drugs da compreensão, a gota de renúncia, o chá do amor em família, por serem os mais eficazes remédios na cura das patologias de quaisquer procedências. Esses medicamentos consubstanciam-se pela maior atenção dos pais para com os filhos, demonstrados pela sadia preocupação que têm com a formação moral deles e o suprimento de suas necessidades afetivas.
Jorge Hessen
Drogas
Na terra de Kardec ainda não há estudos realizados sobre o assunto. Mas, neuropsicológos creem que os sons podem ter fins terapêuticos para algumas doenças como o "autismo". Todavia, em determinadas frequências estimulam a imaginação ou a criatividade e podem provocar disfunções cerebrais, o que levaria às alucinações ou uma experiência "psicodélica". Outros afirmam que seu efeito não passa de auto-sugestão e não acreditam que existe risco de dependência.
O que são , afinal as "i-doses" ou "e-drugs"? são arquivos de áudio para computador que geram supostos efeitos alucinógenos. "São baseadas em hipótese e vendidas como fatos concretos"(2) Certamente a "e-drugs" tenha um efeito placebo, isto é, pode provocar alguma reação porque a pessoa acredita que aquele ruído pode levar a estado alterado de consciência. Mas não há evidência científica sobre essa reação psíquica.
A explicação dessas "e-drugs" são baseados na técnica bineural beats, ou seja, consiste na reprodução do som com duas frequências distintas, mas muito parecidas, uma em cada ouvido. Isso forçaria o cérebro a produzir uma terceira frequência, que iria equilibrar os outros dois estímulos. Ao criar essa terceira frequência, ele desencadearia sensações parecidas com as de entorpecentes.(?!...) Mas, profissionais especializados em drogas e toxicodependência indicam que não existe risco de dependência.
Há "trabalhos técnicos mostrando que as regiões cerebrais ativadas durante a audição de um ruido [a música por exemplo] que causa prazer à pessoa são as mesmas envolvidas em estímulos indutores de excitação, prazer e uso de drogas de maneira geral."(3) Mas, "não há registro de alterações significativas com estímulo sonoro. Já estímulos visuais ou alterações na frequência de luz podem causar uma alteração neurológica, como desencadear uma crise epilética"(4)
Sob qualquer hipótese , quando o assunto é "droga", percebemos que há um número bastante significativo de pessoas que, instantaneamente, associam essa palavra aos produtos cujo consumo não nos é lícito, quais sejam: a maconha, a cocaína, o crack, até mesmo as pílulas digitais , etc.. No entanto, esquecem-se de que, tanto do ponto de vista físico quanto espiritual, outros produtos tóxicos, e de livre comércio, são tão prejudiciais ou mais perniciosos, até, do que aqueles, como, por exemplo: a bebida alcoólica, o cigarro, as drágeas confeccionadas em laboratórios, etc
Quantos lares são desfeitos e quantos crimes são cometidos, cuja causa provém de estados de embriaguês? Quantas doenças incuráveis são diagnosticadas em pessoas que se lançaram à autocrueldade, pela dependência da nicotina? Portanto, o fato de ser uma "droga eletrônica" ou qualquer substância legal ou ilegal pode não ter uma relação direta com o perigo que oferece.
Os filhos que já se iniciaram nos maus vícios, mas que ainda não estabeleceram um nível de intimidade maior com as drogas, os pais podem e devem ampará-los com serenidade, ajudando-os, fundamentalmente, a não se tornarem dependentes. Os pais devem lhes ensinar a manterem acesa a chama da esperança, incutindo neles a idéia de que todas frustrações pessoais são passageiras e que são, apenas, momentos difíceis de ajuste da alma para o crescimento pessoal.
Em verdade, os filhos, quando crianças, registram em seu psiquismo todas as atitudes dos pais, tanto as boas quanto as más, manifestadas na intimidade do lar. Crescem, observando os adultos utilizando tranqüilizantes ao menor sinal de tensão ou nervosismo e, quase que imediatamente, presenciam os primeiros sinais de "serenidade e acalmia" exercidos pela ação do medicamento. São atentos, igualmente, às atitudes dos pais dos amigos com os quais se relacionam e a contradição, então, transparece, posto que muitos deles têm maneiras diversas de lidar com um filho. Alguns são totalmente contra o uso de quaisquer drogas, legalizadas ou não, mas a maioria considera socialmente aceitável o consumo de bebidas alcoólicas, o vício do cigarro, o uso de "energéticos", etc.. Isso tudo, sem falar no grave problema dos benzodiazepínicos, barbitúricos e metadona, cuja ingestão permanente pode causar dependência como qualquer outra droga alucinógena.
Na verdade, as drogas não deveriam ser avaliadas, tendo por base produtos químicos ou eletrônicos, ilegalidade ou legalidade, mas pelos malefícios que elas acarretam ao ser. Os adultos inventam sempre "desculpas esfarrapadas" e formas de justificar seus comportamentos paradoxais. Contudo, trata-se de um modelo de comportamento que não serve de referencial a alguém, muito menos àqueles que são adeptos aos moldes que Jesus nos veio ensinar.
Quantos pais que ao menor sinal de angústia, de desconforto, lançam mão de um "remedinho", de uma "cervejinha", de um "cafezinho", de um "cigarrinho", para aplacar a ansiedade de forma quase que instantânea. Esse é o princípio básico de paradigma de comportamento dependente, que observamos em um imenso número de adultos e pais, no qual, sem "desconfiômetros", estão mergulhados.
Tais pessoas, introjetam no inconsciente dos filhos, alunos, e jovens em geral, a idéia de que os problemas podem ser resolvidos, como que por um passe de mágica, com a "ajudazinha" de uma "substanciazinha", destilada ou fermentada; de uma "plantinha" inocente, do gênero nicotiana (solanaceae), conhecida por tabaco, de um "alcaloidezinho",também inofensivo, conhecido por cafeína, e assim por diante. Porém, todos atuam sobre o sistema nervoso central e alteram todo o metabolismo do indivíduo, igualmente.
Os pais devem estar sempre atentos e, incansavelmente, buscando um diálogo franco com os filhos, sobretudo, amparando-os moralmente, independentemente, de como se situam na escala evolutiva. Os pais não se devem desesperar, mormente no mundo de hoje. A melhor maneira de tentar neutralizar a atração que as drogas exercem será estimular os jovens a experimentar formas não-químicas (obviamente, exceto as sonoras) de obtenção de prazer. Os "baratos" podem ser obtidos através de atividades religiosas, intelectuais, artísticas, esportivas, etc.. Cabe aos adultos tentar conhecer melhor os jovens para estimulá-los a experimentar formas mais criativas de obter prazer e sensações intensas, mas dando-lhes exemplos de sobriedade.
É importante que os pais ensinem seus filhinhos a manterem permanente vigilância pela oração embasada numa fé raciocinada, nesse caso o Espiritismo propõe, dentre outras bênçãos, o fortalecimento e o equilíbrio mental. Uma coisa é certa: o Espiritismo não propõe soluções específicas, reprimindo ou regulamentando cada atitude, nem dita fórmulas mágicas de bom comportamento aos jovens. Prefere acatar, em toda sua amplitude, os dispositivos da lei divina, que asseguram a todos o direito de escolha (o livre-arbítrio) e a responsabilidade conseqüente de seus atos.
Exerçamos a cofiança em Deus, primeiramente, e optemos pela drágea do afeto, o comprimido do carinho, a e-drugs da compreensão, a gota de renúncia, o chá do amor em família, por serem os mais eficazes remédios na cura das patologias de quaisquer procedências. Esses medicamentos consubstanciam-se pela maior atenção dos pais para com os filhos, demonstrados pela sadia preocupação que têm com a formação moral deles e o suprimento de suas necessidades afetivas.
Jorge Hessen
Drogas
Marcos Paterra

A criança que é sexualmente abusada cria sentimentos de medo, vergonha, perda da confiança em pessoas do mesmo sexo do abusador, sentimentos de culpabilidade, baixa auto-estima, para além de mais tarde poder vir a sofrer de depressão e ansiedade, mas se o abusador for um familiar a angústia ainda é maior, no entanto existem diferenças quanto às consequências do abuso entre rapazes e raparigas. Segundo a Organização Mundial de Saúde se as vítimas forem rapazes, então existe uma probabilidade de se tornarem agressores, podendo repetir os mesmos comportamentos a que foram sujeitos, “[…] uma grande percentagem de abusadores afirmam também já terem sido vítimas.” (Salter, 2003).
Ocorrem dois tipos de consequências: as consequências a curto prazo e a longo prazo. As primeiras passam por medos, desconfianças, agressividade, baixa auto–estima, precocidade de comportamentos sexuais, lesões físicas, gravidez não desejada, doenças sexualmente transmissíveis e normalmente insucesso escolar.
Já as segundas são depressão, idéias suicidas, dificuldade em estabelecer relações íntimas, hostilidade, disfunções sexuais, imagens obsessivas do abuso, toxica-dependência, delinquência, prostituição e outras. Normalmente a vítima mantém o silêncio. Os pais ou outras pessoas em que a criança confie devem estar atentos aos comportamentos da criança, e devem demonstrar que acreditam nela, mas se lhe fizerem perguntas direcionadas ao abuso esta pode contar o sucedido.
Muitos se perguntam como o espiritismo vê a pedofilia?
Um espírito encarna num corpo que possua características genéticas afins e também reencarna num grupo de pessoas (família) com pensamentos parecidos (explicando os maus tratos na infância que muitos psicopatas e pedófilos sofreram).
Um espírito encarna num corpo que possua características genéticas afins e também reencarna num grupo de pessoas (família) com pensamentos parecidos (explicando os maus tratos na infância que muitos psicopatas e pedófilos sofreram).
Tudo é conduzido por sintonia de frequências, pensamentos atuais e ações pretéritas, ou seja, Carma que é a explicação da Física Clássica, Ação e Reação. Este espírito pode ser oriundo de uma civilização inferior, ou é relutante no mal por séculos aqui neste orbe mesmo, reencarnando agora ainda com resquícios de suas antigas virtudes.
Por outro lado temos que analisar quem é realmente a vítima, muitas crianças ao reencarnar trouxeram todo o seu passado contido em seu inconsciente, são os núcleos energéticos que trazemos construídos no passado. Espíritos que somos onde trazemos de forma representativas inúmeras vidas, dessa forma reencarnaram para participar intelectualmente de verdadeiras emboscadas visando atingir de maneira dolorosa a intimidade sexual; outras foram executoras de crimes desse tipo, e agora estão tendo sua expiação.
Pela Lei Universal da sintonia de vibrações, poderá ocorrer, em um dado momento, o espírito, criança agora, poderá atrair e sintonizar com a frequência do agressor, ou seja, o pedófilo. Se não houve a programação, mas a tendência que trazia era forte e havia o risco em passar por algo do gênero, que, a espiritualidade não conseguiu evitar.
Há, também, espíritos afins e benfeitores que visam amparar os envolvidos nesta dor; Perante a Lei divina sabemos que o espírito reencarnado não deve receber a agressão arbitrária em face da violência cometida por outro.
A violência da pedofilia gera, muitas vezes, profundos traumas em todos os envolvidos, ocasionando dolorosa situação cármica da constelação familiar.
A Doutrina Espírita procura não condenar ninguém, recomendando sempre que tenhamos com todos o máximo de respeito, consideração e carinho, inclusive para com as pessoas desequilibradas sexualmente, uma vez que elas constituem espíritos que atravessam um momento difícil em que necessitam promover a sua edificação moral, através de uma conduta sexual equilibrada. Ocorre que, não é lícito a ninguém, seja hetero ou homossexual, determinados abusos, tais como a pedofilia, que vem a ser uma prática criminosa, por envolver criaturas inocentes e indefesas, constituindo assim um ato de extrema violência, que por isso mesmo, deve ser combatido.
Bibliografia
Campos, Alexandre, ”Para uma compreensão multifactorial do abuso sexual em díades (3ª parte).
Freitas, Filomena (2003), “Abuso sexual de menores” in Lígia Fonseca, Catarina Soares e Júlio Machado Vaz (orgs.); A Sexologia – Perspectiva Multidisciplinar II. Coimbra: Quarteto Editora, 229 – 242.
Bernardi Ricardo do redevisao.net. MEDICINA e ESPIRITUALIDADE.
Pedofilia
Hermínio C. Miranda
Um jovem de cerca de 20 anos vagava pelo Museu Hofburg, em Viena, como de costume. estava deprimido como nunca. O dia fora muito frio, pois o vento trouxera o primeiro anúncio do outono que se aproximava. Ele temia novo ataque de bronquite que se aproximava. Ele temia novo ataque no seu miserável quartinho numa pensão barata. Estava pálido, magro e de aparência doentia. Sem dúvida alguma, era um fracasso. Fora recusado pela Escola de Belas – Artes e pela Arquitetura. As perspectivas eram as piores possíveis.
Caminhando pelo museu, entrou na sala que guardava as jóias da coroa dos Hapsburg, gente de uma raça que não considerava de boa linhagem germânica.
Mergulhado em pensamentos pessimistas, nem sequer notou que um grupo de turistas, orientado por um guia, passou por ele e parou diante de um pequeno objeto ali em exibição.
-"Aqueles estrangeiros – escreveria o jovem mais tarde – pararam quase em frente ao lugar onde eu me encontrava, enquanto seu guia apontava para uma antiga ponta de lança. A princípio, nem me dei ao trabalho de ouvir o que dizia o perito; limitava-se a encarar a presença daquela gente como intromissão na intimidade de meus desesperados pensamentos. E, então, ouvi as palavras que mudariam o rumo da minha vida: "Há uma lenda ligada a esta lança que diz que quem a possuir e decifrar os seus segredos terá o destino do mundo em suas mãos, para o bem ou para o mal."
Como se tivesse recebido um choque de alertamento, ele agora bebia as palavras do erudito guia do museu, que prosseguia explicando que aquela fora a lança que o centurião romano introduzira ao lado do tórax de Jesus (João 19:34) para ver se o crucificado já estava "morto".
Tinha uma longa e fascinante história aquele rústico pedaço de ferro. O jovem mergulharia nela a fundo nos próximos anos. Chamava-se ele Adolf Hitler.
Voltou muitas vezes mais ao Museu Hofburg e pesquisou todos os livros e documentos que conseguiu encontrar sobre o assunto. Envolveu-se em mistérios profundos e aterradores, teve revelações que o atordoaram, incendiaram sua imaginação e desataram seus sonhos mais fantásticos.
Para saber mais (1)
Sabemos hoje, em face da prática e da literatura espírita, que os Espíritos, encarnados e desencarnados, vivem em grupos, dedicados a causas nobres ou sórdidas, segundo seus interesses pessoais. A inteligência e o conhecimento, como todas as aptidões humanas, são neutros em si mesmos, ou seja, tanto podem ser utilizados na prática do bem como na disseminação do mal. Dessa maneira, tanto os bons espíritos, como aqueles que ainda se demoram pelas trevas, elaboram objetivos de longo alcance visando aos interesses finais do bem ou do mal. Em tais condições, encarnados e desencarnados se revezam, neste plano e no outro, e se apoiam mutuamente, mantendo constantes entendimentos especialmente pela calada da noite, quando uma parte considerável da humanidade encarnada, desprendida pelo sono, procura seus companheiros espirituais para debater planos, traçar estratégias, realizar tarefas, ajustar situações.
Há, pois, toda uma logística de apoio aos Espíritos que se reencarnam com tarefas específicas, segundo os planos traçados.
Estudando, hoje, a história secreta do nazismo, não nos resta dúvida de que Adolf Hitler e vários dos seus principais companheiros desempenharam importante papel na estratégia geral de implantação do reino das trevas na Terra, num trabalho gigantesco que, obviamente, tem a marca inconfundível do Anticristo. Para isso, eclodem fenômeno mediúnicos, surgem revelações, encontram-se as pessoas que deveriam encontrar-se, acontecem "acasos" e "coincidências" estranhas, juntam-se, enfim, todos os ingredientes necessários ao desdobramento do trabalho.
August Kubizek descreve uma cena dramática em que Hitler, com apenas 15 anos de idade, apresenta-se claramente incorporado ou inspirado por alguma entidade desencarnada. De pé diante de seu jovem amigo, agarrou-lhe as mãos emocionado, de olhos esbugalhados e fulminantes, enquanto de sua boca fluía desordenadamente uma enxurrada de palavras excitadas. Kubizek, artudido, escreve, em seu livro:
- Era como se outro ser falasse de seu corpo e o comovia tanto quanto a mim. Não era, de forma alguma, o caso de uma pessoa que fala entusiasmada pelo que diz. Ao contrário, eu sentia que ele próprio como que ouvia atônito e emocionado o que jorrava com uma força primitiva... Como enxurrada rompendo diques, suas palavras irrompiam dele. Ele invocava, em grandiosos e inspirados quadros, o seu próprio futuro e o de seu povo. Falava sobre um Mandato que, um dia, receberia do povo para liderá-lo da servidão aos píncaros da liberdade- missão especial que em futuro seria confiada a ele.
Ao que parece, foi o primeiro sinal documentado da missão de Hitler e o primeiro indício veemente de que ele seria o médium de poderosa equipe espiritual trevosa empenhada em implantar na Terra uma nova ordem. Garantia-se a Hitler o poder que ambicionava, em troca da fiel utilização da sua instrumentação mediúnica. O pacto com as trevas fora selado nas trevas. É engano pensar que essas falanges espirituais ignoravam as leis divinas. Conhecem-nas muito bem e sabem da responsabilidade que arrostam e, talvez, até por isso mesmo, articulam seus planos tenebrosos e audaciosos, porque, se ganhassem, teriam a impunidade com que sonham milenarmente para acobertar crimes espantosos. Eles conhecem, como poucos, os mecanismos da Lei e sabem manipular com perícia aterradora os recursos espirituais de que dispõem.
Vejamos outro exemplo: o relato da Segunda visita de Hitler à lança, narrada pelo próprio.
Novamente a sensação estranha de perplexidade. Sente ele que algo poderoso emana daquela peça, mas não consegue identificar o de que se trata. De pé, diante da lança, ali ficou por longo tempo a contemplá-la:
Estudava minuciosamente cada pormenor físico da forma, da cor e da substância, tentando, porém permanecer aberto à sua mensagem. Pouco a pouco me tornei consciente de uma poderosa presença em torno dela – a mesma presença assombrosa que experimentara intimamente naquelas raras ocasiões de minha vida em que senti que um grande destino esperava por mim.
Começava agora a compreender o significado da lança – escreve Ravenscroft – e a origem de sua lenda, pois sentia, intuitivamente, que ela era o veículo de uma revelação - "uma ponte entre o mundo dos sentidos e o mundo do espírito".
As palavras entre aspas são dos próprio Hitler, que prossegue:
Uma janela sobre o futuro abriu-se diante de mim, e através dela vi, num único "flash", um acontecimento futuro que me permitiu saber, sem sombra de dúvida, que o sangue que corria em minhas veias seria, um dia, o veículo do espírito de meu povo.
Ravenscroft especula sobre a revelação. Teria sido, talvez, a antevisão da cena espetaculosa do próprio Hitler a falar, anos mais tarde, ali mesmo em frente ao Hofburg, à massa nazista aglomerada, após a trágica invasão da Áustria, em 1938, quando ele disse em discurso:
A Providência me incumbiu da missão de reunir os povos germânicos...com a missão de devolver minha pátria 1 ao Reich alemão. Acreditei nessa missão. Vivi por ela e creio que cumpri.
Tudo começara com o impacto da visão da lança no museu. Já naquele mesmo dia, em que o guia dos turistas chamou sua atenção para a antiquíssima peça, ele experimentou estranhas sensações diante dela. Que fascínio poderia ter sobre seu Espírito - espetacular ele próprio – aquele símbolo cristão ? Qual a razão daquele impacto? Quanto mais a contemplava, mais forte e, ao mesmo tempo, mais fugidia e fantástica se tornava a sua impressão.
Senti como se eu próprio a tivesse detido em minhas mãos anteriormente, em algum remoto século da História – como se eu a tivesse possuído, como meu talismã de poder e mantido o destino do mundo em minhas mãos. No entanto, como poderia isto ser possível? Que espécie de loucura era aquele tumulto no meu íntimo?
Qual é, porém, a história conhecida da lança?
Para saber mais (2)
É o que tentaremos resumir em seguida.
Hitler dedicou-se daí em diante ao estudo de tudo quanto pudesse estar relacionado com o seu fascinante problema. Cedo foi dar em núcleos do saber oculto. Um dos seus biógrafos, Alan Bullock (Hitler: A Study in Tiranny), sem ter alcançado as motivações do futuro líder nazista, diz que ele foi um inconseqüente, o que se poderia provar pelas suas leituras habituais, pois seus assuntos prediletos eram a história de Roma antiga, as religiões orientais, ioga, ocultismo, hipnotismo, astrologia... Parece legítimo admitir que tenha lido também obras de pesquisa espíritas, porque os autores não especializados insistem em grupar espiritismo, magia, mediunismo e adivinhação, e muito mais sob o rótulo comum de ocultismo.
Sim, Hitler estudou tudo isso profundamente e não se limitou à teoria; passou à prática. Convencido da sua missão transcendental, quis logo informar-se sobre os instrumentos e recursos que lhe seriam facultados para levá-lo a cabo. O primeiro impacto da idéia da reencarnação em seu espírito o deixou algo atônito, como vimos, na sua primeira crise espiritual diante da lança, no museu de Hofburg; logo, no entanto, se tornou convicto dessa realidade e tratou a sério de identificar algumas de suas vidas anteriores. Esses estudos levaram-no ao cuidadoso exame da famosa legenda do Santo Graal, de que Richard Wagner, um dos seus grandes ídolos, se serviu para o enredo da ópera Parsifal.
Hitler foi encontrar nos escritos de um poeta do século XIII, por nome Wolfram von Eschenbach, a fascinante narrativa da lenda, cheia de conotações místicas e simbolismos curiosos, que captaram a sua imaginação, porque ali a história e a profecia estavam como que mal disfarçadas atrás do véu diáfano da fantasia.
Mas, Hitler tinha pressa, e, para chegar logo ao conhecimento dos mistérios que o seduziam, não hesitou em experimentar com o peiote, substância alucinógena extraída do cogumelo mexicano, hoje conhecida como mescalina. Sob a direção de um estranho indivíduo, por nome Ernst Pretzsche, o jovem Adolf mergulhou em visões fantásticas que, mais tarde, identificaria como sendo cenas de uma existência anterior que teria vivido como Landulf de Cápua, que serviu de modelo ao Klingsor na ópera de Wagner.
Esse Landulf foi um príncipe medieval (século nono) que Revenscroft declara ter sido "the most evil figure of the century" – a figura mais infame do século. Sua influência tornou-se considerável na política de sua época e, segundo Ravenscroft, "ele foi a figura central em todo o mal que se praticou então".
O Imperador Luiz II conferiu-lhe posto que o situava como a terceira pessoa no seu reino, e concedeu-lhe honrarias e poderes de toda a sorte. Landulf teria passado muitos anos no Egito, onde estudou magia negra e astrologia. Aliou-se secretamente aos árabes que, apesar de dominarem a Sicília, respeitaram seu castelo, em Carlata Belota, na Calábria. Nesse local sinistro, onde se situara no passado um templo dedicado aos mistérios, Landulf exercia livremente suas práticas horríveis e perversas que, segundo Ravenscroft, deram-lhe a merecida fama de ser o mais temido feiticeiro do mundo. Finalmente, o homem que o Imperador Luiz II queria fazer Arcebispo de Cápua, depois de elevá-la à condição de cidade metropolitana, foi excomungado em 875, quando sua aliança com o Islam foi descoberta.
Ravenscroft informa logo a seguir que, a seu ver, ninguém conseguiu exceder Wagner em inspiração, quando este coloca, na sua ópera, a figura de Klingsor ( ou seja, Landulf) como um mago a serviço do Anticristo.
Aliás, muitas são as referências ao Anticristo no livro do autor inglês, em conexão com a trágica figura de Adolf Hitler. Ainda veremos isto.
Guiado pela sua intuição, Wagner transpôs para o terreno da arte, na sua genial ópera, o objetivo de Klingsor e seus adeptos, que era "cegar as almas por meio da perversão sexual e privá-las da visão espiritual, a fim de que não pudessem ser guiadas pelas hierarquias celestiais". Essa atividade maligna Landulf desenvolveu em seu tempo e suas horríveis práticas teriam exercido "devastadora influência nos líderes seculares da Europa cristã", conforme Ravenscroft.
Mas Hitler acreditava-se também uma reencarnação de Tibério, um dos mais sinistros dos Césares. É fato sabido hoje que ele tentou adquirir ao Dr. Axel Munthe, autor de O Livro de San Michele, a ilha deste nome, que, em tempos idos fora o último reduto de Tibério, que lá morreu assassinado. O Dr. Munthe se recusou a vender a ilha porque ele próprio acreditava ter sido Tibério, o que não parece muito congruente com a sua personalidade.
Aliás, as especulações ocultistas (usemos a palavra) dos líderes nazistas estão cheias de fenômenos psíquicos e de buscas no passado. Goering dizia, com orgulho, que sempre se encarnou ao lado do Führer. Ao tempo de Landulf, ele teria sido o Conde Boese, amigo e confidente do príncipe feiticeiro, e no século XIII fora Conrad de Marburg, amigo íntimo do bispo Klingsor, de Wartburg. Goebbels, o ministro da Propaganda nazista, acreditava-se Ter sido Eckbert de Meran, bispo de Bamberg, no século XIII, que teria apresentado Klingsor ao rei André da Hungria.2
Se essas encarnações estão certas ou não, não cabe aqui discutir, mas tais especulações evidenciam o interesse daqueles homens pelos mistérios e segredos das leis divinas, que precisavam conhecer para melhor desrespeitar e burlar. Por outro lado, contêm alguma lógica, quando nos lembramos de certos aspectos que a muitos passam despercebidos. Muitos espíritos reencarnaram-se com o objetivo de infiltrarem-se nas hostes daqueles que pretendem combater, seja para destruir, seja para se apossarem da organização, sempre que esta detenha alguma parcela substancial de poder. Não seria de admirar-se, pois que um grupo de servidores das trevas, com apoio das trevas, aqui e além, fosse alçado a postos de elevada influência entre a hierarquia cristã da época, quando a Igreja desfrutava de incontestável poder. O papado não esteve imune – longe disso - e por várias vezes caiu em mãos de mal disfarçados emissários de Anticristo.
Lembremos outro pequeno e quase imperceptível pormenor. Recorda-se o leitor daquela observação veiculada por um benfeitor espiritual que relatou haver sido traçada, no mundo das trevas, a estratégia do sexo desvairado, a fim de desviar os humanos dos caminhos retos da evolução? Sexo transviado e magia negra são aliados constantes, ingredientes do mesmo caldo escuro, onde se cultivam as paixões mais torpes. Quantos não se perderam por ai...
1 Hitler era austríaco. Nasceu em 20 de abril de 1889, na encantadora vila de Braunau-am-Inn, onde também nasceram os famosos médiuns Willy e Rudi Scheider.
2 Segundo apurou Ravenscroft, esse Bispo Klingsor seria o Conde de Acerra, também de Cápua, um tipo sinistro, profundamente envolvido em magia negra e que, como Landulf, séculos antes, reuniu em torno de si um círculo de adeptos que incluía eminentes personalidades eclesiásticas da época. Afirma, ainda, o autor que foi nesse grupo que se concebeu o medonho monstro da Inquisição.
O Médium do Anticristo II
Alfred Rosemberg, o futuro teórico do nazismo, era então o profeta do Anticristo e se incumbia de questionar os Espíritos manifestantes. Ravenscroft afirma que teria sido Rosemberg quem pediu a presença da própria Besta do apocalipse, que na sua opinião(de Rovenscroft), sem dúvida dominava o corpo e a alma de Adolf Hitler, através das óbvias faculdades mediúnicas deste.
Essa manifestação do Anticristo em Hitler foi assegurada por mais de uma pessoa, além do lúcido e tranqüilo Dr. Walter Johannes Stein. Um desses foi outro estranho caráter, por nome Houston Stewart Chamberlain, um inglês que se apaixonou pela Alemanha e pela causa nazista. Ravenscroft classifica-o como genro de Wagner e profeta do mundo pangermânico. Também escrevia suas teses anti-racistas em transe, segundo atestou nada menos que o eminente General Von Moltke, de quem ainda diremos algo importante daqui a pouco Chamberlain era considerado um digno sucessor do gênio de Friederich Nietzsche e, segundo o próprio Hitler, em "Mein Kampf", "um dos mais admiráveis talentos na história do pensamento alemão, uma verdadeira mina de informações e de idéias". Foi quem expandiu as idéias de Wagner, desvirtuando-as perigosamente, ao pregar a superioridade da raça ariana. Segundo testemunho de Von Moltke, Chamberlain evocou inúmeros vultos desencarnados da história mundial e confabulou com eles. Que era uma inteligência invulgar, não resta dúvida. Os poderes das trevas escolheram bem seus emissários. Enganam-se, também, redondamente, aqueles que consideram Hitler um doido inconseqüente que tentou, na sua loucura, botar fogo no mundo. A julgar por todas essas revelações que ora nos chegam ao conhecimento, ele sabia muito bem o seu papel em todo esse drama. Recebeu uma fatia de poder a troco de certa missão muito específica.
No domínio do mundo, se o tivesse conseguido, ele continuaria a desfrutar de posição "invejável", como prêmio a um trabalho "bem feito". Ainda bem que falhou, pois a amostra foi terrível.
Como se explicaria, sem esse apoio maciço de espíritos encarnados e desencarnados, que um jovem pintor sem êxito, pobre, abandonado à sua sorte, rejeitado pela sociedade, tenha conseguido montar o mais tenebrosos instrumento de opressão que o mundo já conheceu? Como se explicaria que seu partido tenha emergido de um pequeno grupo político, falido e obscuro, senão que os Espíritos seus amigos o indicaram como sendo o primeiro degrau de escada que o levaria ao poder?
Hitler ainda se aprofundaria muito mais nos mistérios da sua missão tenebrosa. Precisava receber instruções mais específicas, e , como sabemos, tudo se arranja para que assim seja. A hora chegaria, no momento exato, com a pessoa já programada para ajudá-la. Um desses homens chamou-se Dietrich Eckhart.
Sua história á algo fantástico, mas vale a pena passar ligeiramente sobre ela, a fim de entendermos seu papel junto a Hitler, que, antes de encontrar-se com Eckhart, fizera apenas preparativos para o vestibular da magia e do ocultismo.
Dietrich Eckhart era um oficial do exército, de aparência afável e jovial e, ao mesmo tempo, no dizer de Ravenscroft, "dedicado satanista, o supremo adepto das artes e dos rituais da magia negra e a figura central de um poderoso e amplo círculo de ocultistas – O Grupo Thule".
Foi um dos setes fundadores do partido nazista, e, ao morrer, intoxicado por gás de mostarda, em Munich, em dezembro de 1923, disse, exultante:
Sigam Hitler! Ele dançará, mas a música é minha. Iniciei-o na "Doutrina Secreta", abri seus centros de visão e dei-lhe os recursos para se comunicar com os Poderes. Não chorem por mim: terei influenciado a História mais do que qualquer outro alemão.
Suas palavras não são mero delírio de paranóico. Há muito, nas suas desvairadas práticas mediúnicas, havia recebido "uma espécie de anunciação satânica de que estava destinado a preparar o instrumento do Anticristo, o homem inspirado por Lúcifer para conquistar o mundo e liderar a raça ariana à glória".
Quando Adolf Hitler lhe foi apresentado, ele reconheceu imediatamente o seu homem, e disse para seus perplexos ouvintes:
- Aqui está aquele de quem eu fui apenas o profeta e o precursor.
Coisas espantosas se passaram no círculo mais íntimo e secreto do Grupo Thule, numa série de sessões mediúnicas (Ravenscroft chama-as, indevidamente, de sessões espíritas...), das quais participavam dois sinistros generais russos e outras figuras tenebrosas.
A médium, descoberta por certo Dr. Nemirocitch-Dantchenko, era uma pobre ignorante camponesa, dotada de variadas faculdades. Expelia pelo órgão genital enormes quantidades de ectoplasma, do qual se formavam cabeças de entidades materializadas que, juntamente com outras, incorporadas na médium, transmitiam instruções ao círculo de "eleitos".
Certa manhã de setembro de 1912, Walter Stein e seu jovem amigo Adolf Hitler subiram juntos as escadarias do museu Hofburg. Em poucos minutos encontravam-se diante da Lança de Longinus, posta, como sempre, no seu estojo de desbotado veludo vermelho. Estavam ambos profundamente emocionados, por motivos diversos, é claro, mas, seja como for, o disparador daquelas emoções era a misteriosa lança. Dentro em pouco, Hitler parecia Ter passado a um estado de transe, "um homem – segundo Ravenscroft – sobre o qual algum espantoso encantamento mágico havia sido atirado" . Tinha as faces vermelhas e seus olhos brilhavam estranhamente. Seu corpo oscilava, enquanto ele parecia tomado de inexplicável euforia.
Toda a sua fisionomia e postura – escreve Rovenscroft, que ouviu a narrativa do próprio Stein – pareciam transformadas, como se algum poderoso Espírito habitasse agora a sua alma, criando dentro dele e à sua volta uma espécie de transfiguração maligna de sua própria natureza e poder.
Walter Stein pensou com seus botões: Estaria ele presenciando uma incorporação do Anticristo?
É difícil responder, mas é certo que terrífica presença espiritual ali estava mais do que evidente. Inúmeras outras vezes, em todo o decorrer de sua agitada existência, testemunhas insuspeitas e desprevenidas haveriam de notar fenômenos semelhantes de incorporação, especialmente quando Hitler pronunciava discursos importantes ou tomava decisões mais relevantes.
Ao narrar o fenômeno a Ravenscroft, 35 anos depois, o Dr. Stein diria que:
-...Naquele instante em que pela primeira vez nos postamos juntos, de pé, ante a Lança de Longinus, pareceu-me que Hitler estava em transe tão profundo que passava por uma privação quase completa de seus sentidos e um total eclipse de sua consciência.
Hitler sabia muito bem da sua condição de instrumento de poderes invisíveis. Numa entrevista à imprensa, documentou claramente esse pensamento, ao dizer:
Movimento-me como um sonâmbulo, tal como me ordena a Providência.
Havia nele súbitas e tempestuosas mudanças de atitude. De uma placidez fria e meditativa, explodia, de repente, em cólera, pronunciando, alucinadamente, uma torrente de palavras, com emoção e impacto, especialmente quando a conversa enveredava pelos temas políticos e raciais. Stein presenciou cenas assim no velho café em que costumava encontrar-se com seu amigo, em Viena, ali por volta de 1912/1913. Passada a explosão, Hitler recolhia-se novamente ao seu canto, como se nada tivesse ocorrido.
Naqueles estados de exaltação, transformava-se o seu modo de falar e sua palavra alcançava as culminâncias da eloqüência e da convicção. Era como se um poder magnético a elas se acrescentasse, de tal forma que ele facilmente dominava seus ouvintes. Seus próprios companheiros notariam isso mais tarde, em várias oportunidades.
Ao se ouvir Hitler – escreveu Gregor Strasser, um ex-nazista – tem-se a visão de alguém capaz de liderar a humanidade à glória. Uma luz aparece numa janela escura. Um homem com um bigode cômico transforma-se em arcanjo. De repente, o arcanjo se desprende e lá está Hitler sentado, banhado em suor, com os olhos vidrados.
Tudo fora muito cuidadosamente planejado e executado, inclusive com os sinais identificadores, para que ninguém tivesse dúvidas. Nas trágicas sessões mediúnicas do Grupo Thule, fora anunciado que o Anticristo se manifestaria depois que seu instrumento passasse por uma ligeira crise de cegueira. Isto se daria ali por volta de 1921, e seu médium teria, então, 33 anos.
Aos 33 anos de idade, em 1921, depois de recuperado de uma cegueira temporária, Hitler assumiu a incontestável liderança do Partido Nacional Socialista, que o levaria ao poder supremo na Alemanha, e, quase, no mundo.
De tanto investigar os mistérios e segredos da história universal, em conexão com os poderes invisíveis, Hitler se convenceu de realidades que escapam à maioria dos seres humanos. A história é realmente o reflexo de uma disputa entre a sombra e a luz, representadas, respectivamente, pelos Espíritos que desejam o poder a qualquer preço e por aqueles que querem implantar na Terra o reino de Deus, que anunciou o Cristo.
Hitler sabia, por exemplo, que os Espíritos trabalham em grupos, segundo o seus interesses e por isso se reencarnam também em grupos, enquanto seus companheiros permanecem no mundo espiritual – na sombra ou na luz, conforme seus propósitos – apoiando-se mutuamente. Não é à toa que Göering e Goebbels, como vimos, reconheciam-se como velhos companheiros de Hitler. Este, por sua vez, estava convencido de que um grupo enorme de Espíritos, que se encarnara no século IX, voltara a encarna-se no século XX. O notável episódio ocorrido com o eminente General Von Moltke parece confirmar essa idéia.
Vamos recordá-lo, segundo o relato de Ravenscroft.
Foi ainda na Primeira Guerra Mundial. No imenso e trágico tabuleiro de xadrez em que se transformara a Europa, havia um plano militar secreto, sob o nome de Plano Schlieffen, que previa a invasão da França através da Bélgica, antes que a Russia estivesse em condições de entrar em ação.
Helmuth Von Moltke era Chefe do Estado-Maior do Exército Alemão, sob o Kaiser. Coube-lhe a responsabilidade de introduzir alguns aperfeiçoamentos no plano e aguardar o momento de pô-lo em ação, se e quando necessário. O momento chegou em junho de 1914. Jogava-se a sorte da Europa. Von Moltke passou a noite em claro, na sede do Alto Comando, tomando as providências de última hora para que o plano entrasse em ação imediatamente. Estudava mapas, expedia ordens, conferenciava com seus oficiais. O destino de sua pátria estava em suas mãos e ele sabia disso. No auge da atividade, o eminente General perdeu os sentidos sobre a mesa de trabalho. Parecia Ter tido um enfarte. Chamaram um médico, enquanto seus camaradas, muito apreensivos depositavam o seu corpo no sofá.
Nenhuma doença foi diagnosticada. Na verdade, Von Moltke estava em transe. Sua metódica e brilhante inteligência não previra a interferência da mão do destino, como diz Ravenscroft. Ou seria a mão de Deus?
Julgou-se, a princípio, que o poderoso General estivesse morrendo. Mal se percebia sua respiração e o coração apenas batia o necessário para manter a vida; olhos abertos vagavam, apagados, de um lado para outro. O eminente General Helmuth Von Moltke estava experimentando uma crise espontânea de regressão de memória, durante a qual em vívidas imagens que se desdobravam diante de seus olhos espirituais, ele se viu como um dos Papas do século IX, Nicolau I, o Grande, que a Igreja canonizou. Há estranhas "coincidências" aqui. Segundo os historiadores, Nicolau ascendeu ao trono papal mais por influência do Imperador Luis II do que pela vontade do clero. Lembra-se o leitor de que Luiz II foi o mesmo que protegeu o incrível Landulf, príncipe de Cápua? E que Landuf, um milênio depois, seria Adolf Hitler?
Nicolau foi um papa enérgico e brilhante. Governou somente nove anos incompletos, de 858 a 867, mas teve de tomar decisões momentosas e que exerceram profunda influência na História. Foi no seu tempo que se definiu mais nitidamente a tendência separatista entre as igrejas do ocidente e a do oriente. Foi ele quem elevou a novas culminâncias a doutrina da plenitude do poder papal. Segundo seu pensamento, o imperador era apenas um delegado, incumbido do poder civil.
Enquanto essas vivências desfilavam diante de seus olhos, Von Moltke, ainda estendido no sofá, vivia a curiosa experiência de estar situado entre duas vidas; separadas por mil anos. Em torno dele, entre as ansiosas figuras de seus generais, ele identificava alguns de seus antigos cardeais e bispos. Uma das personalidades que ele também identificou naquele desdobramento foi a de seu tio, o ilustre Marechal- de- Campo, também chamado Helmuth Von Moltke, o maior estrategista de sua época e que lutou na guerra de 1870. Fora também uma das poderosas figuras medievais, o Papa Leão IV, o chamado pontífice-soldado, que organizou a defesa de Roma e comandou seus próprios exércitos.
Outra figura identificada foi o General Von Schlieffen, autor do famoso plano Schlieffen, que também experimentara as culminâncias do poder papal, sob o nome de Bento II.
Ao despertar de sua singular experiência com o tempo, o General Von Moltke estava abalado até às raízes de seu ser. Caberia a ele, um ex-Papa, deslanchar todo aquele plano de destruição e matança? Se não o fizesse, o que aconteceria à sua então pátria?
Diz Ravenscroft que, após se reformas, Von Moltke escreveu minucioso relato daquela experiência notável. Também ele se deixou envolver pelo misterioso fascínio da Lança de Longinus, que certa vez visitou em companhia de outro General, seu amigo; e, segundo o escritor inglês, conseguiu apreender o verdadeiro sentido e importância daquela peça, "como um poderoso símbolo apocalíptico".
Acreditava ele que se deveram à sua própria atitude negativa, como Nicolau I, em relação ao intercâmbio com o mundo espiritual, os trágicos desenganos que se sucederam na História subseqüente, a começar pela separação da cristandade em duas e o progressivo abandono da realidade espiritual em favor das doutrinas materialistas, que "virtualmente aprisionaram a criatura no mundo fenomênico da medida, do número, do peso, tornando a própria existência da alma humana objeto de dúvida e debate" (Ravenscroft).
Por isso tudo, ao se erguer do sofá, Von Moltke era outra criatura. Como explicar tudo aquilo aos seus companheiros? Que decisões tomar agora, na perspectiva do tempo e dos lamentáveis enganos que havia cometido no passado, em prejuízo do curso da História? Parece, no entanto, que não dispunha de alternativa. Como Longinus, tinha de praticar um ato de aparente violência, para contornar uma crueldade maior. Tudo continuou como fora planejado, mas o Chefe do Estado-Maior não continuou como fora. Aliás, ao ser elevado àquela posição pela sua inesgotável e indiscutível capacidade profissional, houve dúvidas, em virtude do seu temperamento meditativo e tranqüilo. Seria realmente um bom General no momento de crise que exigisse decisões drásticas? Era o que se perguntavam seus adversários, mesmo reconhecendo sua enorme autoridade técnica. Ao se retirar do comando, diz Ravenscroft que ele era um homem arrasado, porque mais do que nunca estava consciente da tragédia de viver num mundo em que a violência e a matança pareciam ser os únicos instrumentos capazes de "despertar a humanidade para as realidades espirituais".
Após a sua desencarnação, em 1916, com 68 anos de idade, Von Moltke passou a transmitir uma série de comunicações através da mediunidade de sua esposa Eliza Von Moltke. Ah! que documento notável deve ser esse! Foi numa dessas mensagens que o Espírito do antigo Chefe do Estado-Maior informou que o Führer do Terceiro Reich seria Adolf Hitler, àquela época um obscuro e agitado político, aparentemente sem futuro. Foi também ele que, em Espírito, confirmou a antiga encarnação de Hitler como Landulf de Cápua, o terrível mágico medieval que vinha agora repetir, nos círculos mais fechados do Partido, os rituais de magia negra, cujo conhecimento trazia nos escaninhos da memória integral.
Faltavam ainda algumas peças importantes para consolidar as conquistas do jovem Hitler, mas todas elas apareceriam no seu devido tempo e executariam as tarefas para as quais haviam sido rigorosamente programadas nos tenebrosos domínios do mundo espiritual inferior. O General Eric Ludendorff seria uma delas. Von Moltke identificou-o com outro papa medieval, que governou sob o nome de João VIII, que Ravenscroft classifica como "o pontífice de mais negra memória que se conhece em toda a história da Igreja Romana, que, como amigo de Landulf de Cápua, ajudou-o nas suas conspirações no século IX". Novamente, sob as vestes de Eric Ludendorff, o antigo Papa daria a mão para alçar Landulf (agora Adolf) ao poder.
Outro elemento importante, nessa longa e profunda reiniciação de Hitler, foi Karl Haushofer, que, no dizer de Ravenscroft, "não apenas sentiu o hálito da Besta Apocalíptica 3 no controle do ex-cabo demente, mas também buscou, conscientemente e com maligna intenção, ensinar a Hitler como desatrelar seus poderes contra a humanidade, na tentativa de conquistar o mundo".
É um tipo estranho e mefistofélico esse Haushofer, mas, se fôssemos aqui estudar todo o elenco de extravagantes personalidades que cercaram Hitler, seria preciso escrever outro livro.
Diz, porém, Ravenscroft que foi Haushofer quem despertou em Hitler a consciência para o fato de que operavam nele as motivações da " Principalidade Luciferina", a fim de que "ele pudesse torna-se veículo consciente da intenção maligna no século vinte". (destaque do autor)
Vejamos mais um episódio.
Em 1920, era tão patente, através da Alemanha, essa expectativa messiânica, que foi lançado na Universidade de Munich um concurso de ensaios sobre o tema seguinte: "Como deve ser o homem que liderará a Alemanha de volta às culminâncias de sua glória?" O vultoso prêmio em dinheiro foi oferecido por um milionário alemão residente no Brasil (não identificado por Ravenscroft) e quem o ganhou foi um jovem chamado Rudolf Hess que, em tempos futuros, seria o segundo homem da hierarquia nazista! Sua concepção desse messias político guarda notáveis similitudes com a figura do Anticristo descrita nos famosos (e falsos) "Protocolos do Sião", segundo Ravenscroft.
Consta que Hitler considerava Rudolf Steiner, o místico, vidente e pensador austríaco como seu arquiinimigo. Segundo informa Ravenscroft, Steiner, em desdobramento espiritual, penetrava, conscientemente, os mais secretos e desvairados encontros, onde se praticavam rituais atrozes para conjurar os poderes que sustentavam a negra falange empenhada no domínio do mundo.
Que andaram muito perto dessa meta, não resta dúvida. Conheciam muito bem a técnica do assalto ao poder sobre o homem, através do próprio homem. Hugh Trevor-Roper, no seu livro "The Last Days of Adolf Hitler", transcreve uma frase do Führer, que diz o seguinte:
Não vim ao mundo para tornar melhor o homem, mas para utilizar-me de suas fraquezas.
Estava determinado a cumprir sua missão a qualquer preço.
- Jamais capitularemos – disse, certa vez, repetindo o mesmo pensamento de sempre. – Não. Nunca. Poderemos ser destruídos, mas, se o formos, arrastaremos o mundo conosco – um mundo em chamas.
Muito bem. É tempo de concluir. Por exemplo, o que aconteceu com a Lança de Longinus? Continua no Museu de Hofburg, em Viena, para onde foi reconduzida após novas aventuras. Primeiro, Hitler tomou posse dela, ao invadir a Austria, em 1938 e lançou-a para a Alemanha, cercada de tremendas medidas de segurança. Lá ficou ela em exposição, guardada dia e noite, pelos mais fiéis nazistas. Quando a situação da guerra começou a degenerar para o lado alemão, construiu-se secretíssima e inviolável fortaleza subterrânea para guardá-la. Apenas meia dúzia de elevadas autoridades do governo sabiam do plano. Uma porta falsa de garagem disfarçava a entrada desse vasto e sofisticado cofre-forte, em Nüremberg, que o Führer ordenou fosse defendido até à última gota de sangue.
Quando se tornou evidente que o Terceiro Reich se desmoronava de fato, ante o avanço implacável das tropas aliadas, Himmler achou que a Lança de Longinus precisava de um abrigo alternativo. Uma série de providências foi propaganda, com uma remoção fictícia, para um ponto não identificado da Alemanha; e outra, verdadeira, sob o véu do mais fechado segredo, para um novo esconderijo, onde o talismã do poder ficaria a salvo dos inimigos do nazismo.
Por uma dessas misteriosas razões, no entanto, um dos cinco ou seis oficiais nazistas que sabiam do segredo, ao fazer a lista das peças que deveriam ser removidas, mencionou a Lança de Mauritius, aliás, o nome oficial da peça. Acontece que, entre as peças históricas do Reich, havia uma relíquia de nome parecido, ou seja, "A Espada de Mauritius", e esta foi a peça transportada, e não a Lança de Longinus. Na Confusão que se seguiu, ninguém mais deu pelo engano, e o oficial que o cometeu, um certo Willi Liebel, suicidou-se pouco antes do colapso total do Reich. A essa altura, Nüremberg não era mais que um monte de ruínas e, por outro estranho jogo de "coincidências", um soldado americano. Perambulando pelas ruínas, descobriu um túnel que ia dar em duas portas enormes de aço com um mecanismo de segredo tão imponente como o das casas-fortes dos grandes bancos mundiais. Alguma coisa importante deveria encontrar-se atrás daquelas portas. E assim, às 14h10m do dia 30 de abril de 1947, a legítima Lança de Longinus passou às mãos do exército americano.
Naquele mesmo dia, como se em cumprimento de misterioso desígnio, Hitler suicidou-se nos subterrâneos da Chancelaria, em Berlim.
Como ficou dito atrás, a Lança de Longinus encontra-se novamente no Museu Hofburg, em Viena. Estará à espera de alguém que venha novamente disputar a sua posse para dominar o mundo?
Vejamos, para encerrar, algumas considerações de ordem doutrinária.
Haverá mesmo algum poder mágico ligado aos chamados talismãs?
Questionados por Allan Kardec ( perguntas 551 a 557), os Espíritos trataram sumariamente da questão, ensinando, porém, que "Não há palavra sacramental nenhuma, nenhum sinal cabalístico, nem talismã, que tenha qualquer ação sobre os Espíritos, porquanto estes só são atraídos pelo pensamento e não pelas coisas materiais".
Continuando, porém, a linha do seu pensamento, Kardec insistiu, com a pergunta 554, formulada da seguinte maneira:
Não pode aquele que, com ou sem razão, confia no que chama a virtude de um talismã, atrair um Espírito, por efeito mesmo dessa confiança, visto que, então, o que atua é o pensamento, não passando o talismã de um sinal que apenas lhe auxilia a concentração?
É verdade - respondem os Espíritos – mas da pureza da intenção e da elevação dos sentimentos depende a natureza do espírito que é atraído.
Os destaques são meus e a resposta à pergunta 554 prossegue, abordando outros aspectos que não vêm ao caso tratar aqui. Nota-se, porém, que os espíritos confirmaram que os chamados talismãs servem de condensadores de energia e vontade, e podem, portanto, servir de suporte ao pensamento daquele que deseja atrair companheiros desencarnados para ajudá-lo na realização de seus interesses pessoais. Disseram mais: que os Espíritos atraídos estarão em sintonia moral com aqueles que os buscam, ou seja, se as intenções e os sentimentos forem bons, poderão acudir Espíritos bondosos; se, ao contrário, as intenções forem malignas, virão os Espíritos inferiores.
Por toda parte, no livro de Trevor Ravenscroft, há referências repetidas de que duas ordens de Espíritos estão ligadas à mística da Lança de Longinus: os da luz e os das trevas, segundo as intenções de quem os evoca.
Além disso, é preciso lembrar que os objetos materiais guardam, por milênio a fora, certas propriedades magnéticas, que preservam a sua história. Essas propriedades estão hoje cientificamente estudadas e classificadas como fenômenos de psicometria, tão bem observados, entre outros, por Ernesto Bozzano. Médiuns psicômetras, em contato com objetos, conseguem rever, às vezes com notável nitidez, cenas que se desenrolaram em torno da peça de ferro deve estar altamente magnetizada pelos acontecimentos de que foi testemunha, desde que foi forjada alhures nos tempos bíblicos, passando pelo momento do Calvário, diante do Manso Rabi agonizante, até que Hitler a perdeu em abril de 1945.
Seja como for, a peça reúne em torno de si uma longa e trágica história, tão fascinante que tem incendiado, através dos séculos, a imaginação de muitos homens poderosos e desatado muitas paixões nefandas. E, como explicaria os Espíritos a Kardec, não é a Lança por si mesma que move os acontecimentos, é o pensamento dos homens que se concentram nela e querem a todo preço fazer valer o poder que se lhe atribui. Nisso, ela é realmente um talismã.
Ainda uma palavra antes de encerrar.
É certo que Hitler foi médium dedicado e desassombrado de tremendos poderes das trevas. Esses irmãos desarvorados, que se demoram, por milênios sem conta, em caliginosas regiões do mundo espiritual, por certo não desistiram da aspiração de conquistar o mundo e expulsar a luz para sempre, se possível. Tudo farão para obter esse galardão com o qual sempre sonharam, muito embora a nós outros não nos assista o direito de duvidar de que lado ficará a vitória final.
Nesse ínterim, porém valer-se-ão de todos os meios, de todos os processos, para alcançarem seus fins.
É claro, também, que não se empenham apenas no setor político-militar, por exemplo como Hitler, mas, também procuram conquistar organizações sociais e religiosas que representem núcleos de poder. É evidente a obra maligna e hábil que se realizou com a Igreja, infiltrando-a em várias oportunidades e em vários pontos geográficos, mas sempre nos altos escalões hierárquicos, de onde melhor podem influenciar os acontecimentos e a própria teologia.
O movimento espírita precisa estar atento a essas investidas, pois é muito apurada a técnica da infiltração. O lobo adere ao rebanho sob a pele do manso cordeiro; ele não pode dizer que vem destruir, nem pode apresentar-se como inimigo; tem de aparecer com um sorriso sedutor, de amizade e modéstia, uma atitude de desinteresse e dedicação, um desejo de servir fraternalmente, sem condições e, inicialmente, sem disputar posições. Muitas vezes, esses emissários das sombras nem sabem, conscientemente, que estão servindo de instrumentos aos amigos da retaguarda. A sugestão pós-hipnótica foi muito bem aplicada por Espíritos altamente treinados na técnica da manipulação da mente alheia. É a utilização da fraqueza humana de que falava Hitler.
A estratégia é brilhantíssima e extremamente sutil, como, por exemplo, a da "atualização" e da "revisão" das obras básicas da Codificação, a da criação de movimentos paralelos, o envolvimento de figuras mais destacadas no movimento em ardilosos processos de aparência inocente ou inócua. Estejamos atentos, porque os tempos são chegados e virão, fatalmente, vigorosas investidas, antes que chegue a hora final, numa tentativa última, desesperada, para a qual valerá tudo. Muita atenção. Quem suspeitaria de Adolf Hitler, quando ele compareceu, pela primeira vez, a uma reunião de meia dúzia de modestos dirigentes do Partido dos Trabalhadores?
Para saber mais (1)
Estranha era a personalidade do futuro chefe nacional do nazismo, e duas pessoas, pelo menos, o conheceram bem nesses anos de formação e busca.
Um deles chamou-se August Kubizek e escreveu um livro sob o título O jovem Hitler – A história de nossa amizade; outro foi Walter Johannes Stein, cientista e doutor em filosofia, nascido em Viena e que mais tarde emigrou para a Inglaterra, onde morreu.*
A personalidade de Hitler parece oferecer inesgotável manancial de sugestões para os mais variados temas. Poucos livros, no entanto, serão tão fascinantes como The Spear of Destiny ( A Lança do Destino), do escritor inglês Trevor Ravenscroft, amigo pessoal do Dr. Stein, jornalista e professor de História em Londres e Edinburgh. Ravenscroft estudou o assunto Hitler durante 12 anos, parte dos quais sob a orientação do Dr. Stein. Seu livro é, pois, um documentário e não uma narrativa romanceada.
Não é fácil escolher, em obra tão densa e rica, o material a ser comentado num mero artigo como este. Tentaremos.
* O Dr. Walter Johannes Stein exerceu, na Inglaterra, o elevado cargo de Assessor Especial do Primeiro Ministro Winston Churchill para assuntos relacionados com a personalidade de Hitler. Além de sua vasta cultura, era homem de excelentes padrões morais.
Para saber mais (2)
Segundo conta Ravenscroft, a lança teria sido forjada por ordem do antigo profeta Finéias para simbolizar os poderes mágicos inerentes ao sangue do povo eleito*. A lança já era, pois, antiga, quando Josué a teria nas mãos, ao ordenar aos soldados que emitissem aquele som terrível que fez ruir os muros de Jericó. Diz-se que essa mesma lança o rei Saul atirou sobre o jovem David num impulso de cólera e ciúme. Herodes, o Grande, também teve em seu poder esse talismã, quando determinou o massacre das crianças. Foi como mandatário de seu sucessor, Herodes Antipas, que governou do ano 4 antes do Cristo até 39 da nossa era, que um oficial empunhou a lança, como símbolo da autoridade, com ordens de quebrar as pernas de Jesus crucificado.
Ao chegar à cena o contingente de guardas do templo, os soldados romanos deram às costas, enojados, enquanto os vassalos do Sumo-Sacerdote quebravam o crânio e as pernas dos dois ladrões sacrificados lateralmente ao Cristo.
Gaius Cassius era, ao que apurou Ravenscroft, de origem germânica e foi afastado do serviço ativo por causa da catarata que atacou seus olhos. Enviado a Jerusalém, ali ficou como observador dos movimentos políticos e religiosos da Palestina. Durante dois anos, acompanhou a atividade de Jesus e, depois, seguiu o doloroso processo da execução do profeta, que diziam ameaçar a autoridade de Roma. Impressionou-o a coragem e a dignidade com que o jovem pregador suportou o seu martírio. Por outro lado, entendiam os sacerdotes se indispensável mutilar seu corpo, pois era absolutamente essencial desmentir sua condição de Messias, uma vez que, segundo as escrituras, seus ossos não seriam quebrados (João 19:36). Gaius Cassius tão impressionado ficou com o tétrico espetáculo, de um lado, e com a grandeza do Cristo, de outro, que resolveu impedir que Jesus também fosse mutilado. E, assim, esporeou o cavalo na direção da cruz central e trespassou o tórax do crucificado, entre a Quarta e a Quinta costela, procedimento costumeiro dos soldados romanos quando desejavam verificar se o inimigo, ferido no campo de batalha, estava realmente morto. Não se sabe ao certo se Cassius tomou a lança da mão do comandante judeu, que a trazia em nome de Herodes, ou se usou sua própria lança. De qualquer forma, a legenda se criou e se consolidou. Gaius Cassius se converteu ao cristianismo e passou a chamar-se Longinus, nome com que continuou sua carreira através dos séculos. E a arma ficou sendo conhecida coma a lança de Longinus.
Diz-se dela que representa um talismã de poder tanto para o bem como para o mal, mas, ao que parece, somente tem sido usada como instrumento de conquista e opressão, pois pertenceu, depois, a Mauritius, comandante da Legião Tebana, que, com ela nas mãos, morreu martirizado por ordem de Maximiano, ao se recusar a adorar os deuses pagãos. Em solidariedade ao chefe, que morreu cristão, seus 6.666 legionários também se recusaram, ajoelharam-se e ofereceram o pescoço à espada. Maximiano decidiu pelo espantoso massacre, como oferenda aos seus deuses. Assim, a mais valorosa legião romana daquele tempo foi sacrificada numa chacina sem precedentes na História antiga.
Seria impossível retratar toda a história da lança, mas sabe-se que ela esteve em poder de Constantino, Teodósio, Alarico, Ecius, Justiniano, Carlos Martelo, Carlos Magno, Frederico Barba-Roxa e Otto, o Grande. Em que outras mãos teria ela estado e a que propósitos inconfessáveis serviu através do tempo?
É certo, no entanto, que quem a cobiçava naquela fria tarde de outono, em Viena, era um jovem que tinha a impressão viva de tê-la já possuído alhures, no tempo e no espaço.
* Não sei se é esse o Finéias, filho de Eleazar, mencionado em Números 25:7 e Juizes 20:28 ( nota do autor)
Fonte: Reformador. - Março e Abril de 1976
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