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Quando alguém se corta, se machuca, quando possui uma enfermidade que provoca dores, essa pessoa grita, essa pessoa procura um remédio para diminuir a sua dor, essa pessoa chora. Então, a dor física é uma dor que provoca uma reação, também física, e a busca de um lenitivo. Quem nunca passou por terríveis dores de cabeça e de dente?

Quer logo um medicamento para sanar essa dor... Então, é o instinto natural de defesa da pessoa: sentiu dor, procura um medicamento; adoeceu, procura um médico.Mas, as dores espirituais são silenciosas e difíceis, às vezes, de serem compreendidas por aqueles que estão de fora, porque cada um é senhor da sua alma, cada um é dono absoluto dos seus sentimentos e, só ele, sabe explicar e compreender esses sentimentos. Então, para que alguém possa invadir o campo do sentimento de alguém, é preciso de que este alguém esteja disposto a falar, sensível à ajuda e disposto a procurar o medicamento para a sua cura.
Quase todas as dores morais, espirituais, estão no comportamento da pessoa ou de outras pessoas, interferindo nos sentimentos das criaturas. É preciso, então, buscar aqueles recursos que, nós sabemos, funcionam no campo da alma: a prece, para ter equilíbrio; a leitura edificante, para a disciplina; muita cautela, para não ter, como coniventes, pessoas que possam agravar as dores espirituais e morais. É necessário saber, então, como vai falar, com quem vai falar e a hora que vai falar.

Nós, do plano espiritual, observamos que, na grande maioria, as pessoas são incapazes de compreender a dor da outra, por isso, não conseguem ajudar. As pessoas que conseguem ajudar são aquelas que, realmente, se apagam nas suas limitações, trancam a porta dos deus traumas, das suas neuroses, para entender as neuroses e os traumas dos outros. Mas, na grande maioria, mesmo as pessoas muitos ligadas diretamente, por elos até biológicos e de afetividade



 – porque, nem sempre, os elos biológicos estão ligados ao campo da afetividade, às vezes estão ligados ao campo provacional- essas pessoas, às vezes, não são capazes de entender porque o outro sofre, a extensão do que o outro sofre. Diante, às vezes, de uma reação de desequilíbrio extremo, mesmo assim, não é capaz de ver que ali tem uma alma gritando de dor, de insegurança, de desespero, de carência.A prece será sempre a busca de um remédio com o médico das almas, que é Jesus. Através da prece nós recebemos ajuda dos amigos que estão altamente ligados a nós, mantemos uma convivência salutar com a luz, nos fortalecemos dentro dos nossos princípios renovadores, encontramos aquilo que buscamos dentro do nosso ser, no âmago mais profundo do nosso coração.

A prece será sempre o recurso maior e aquela necessidade de conversar com Deus, usando intermediários diretos e indiretos dele, é muito importante, porque vamos buscar os seres que estão disponíveis, às vezes, esses seres nos cercam com extremo amor. Vocês são cercados de entidades inferiores, de entidades sofredoras, de entidades intrusas e oportunistas, imaginam vocês que não são cercados de entidades bondosas, amigas, preocupadas com o trabalho, felizes por ver que vocês debruçam diante do trabalho redentor, com isso levam consolo e, ao mesmo tempo, crescem? Claro que qualquer gota de trabalho, nesse oceano imenso de necessidade é um sol imenso de luz, nas trevas densas de cada um.Que esse médico das almas possa ajudar a todos vocês.

Bezerra de Menezes



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Recentemente ocorreu uma tragédia numa festa de “casamento” no estado de Pernambuco. O noivo se matou após assassinar a noiva e o padrinho. Conforme informou o programa “Fantástico” da Rede Globo(1), o evento era uma cerimônia “espírita”.Cerimônia espírita?... Que absurdo!Infelizmente têm surgido confrades em torno dos quais se formam grupos e “indivíduos portadores de mediunidade, nobre ou não, que não poucas vezes tornam-se líderes esquisitos e esdrúxulos, com comportamentos alienados, procurando apresentar propostas de exaltação do seu ego e gerando à sua volta uma mística que infelizmente vem desaguando em determinadas posturas incompatíveis com o Espiritismo, como o casamento espírita, por exemplo.” (2) (grifei)

Observam-se algumas vezes, entre alguns dirigentes de casas espíritas, posturas tradicionalmente religiosas (igrejeira) na maneira de entender e de se relacionar com a Doutrina Espírita. Esse entendimento dá margem a gravíssimos transtornos ao Movimento Espírita, como a ritualização de certas práticas, abuso de poder nas hierarquias e outras lamentáveis práticas. Como se não bastassem tantas asneiras, há dirigentes espíritas celebrando cerimônia de “casamentos”, assumindo uma postura de “oficiantes”, na condição de “dirigente-mor” de algumas instituições. Tais dirigentes “oficiantes” (pasmem!) estão com agendas lotadas, inclusive para “celebrarem batizados”. Ficamos estupidificados diante de tais anomalias doutrinárias.



No casamento entre espíritas só deve haver cerimônia civil; JAMAIS cerimônia religiosa. E nenhum presidente (“dirigente-mor”) de centro espírita ou sociedade de orientação espírita deveria “oficiar” casamentos, pois o Espiritismo não instituiu sacramentos, rituais ou dogmas.

Se, por força das circunstâncias, o cônjuge não-espírita possuir sincero fervor pela religião que professa, e tiver tendência a ficar traumatizado sem a cerimônia tradicional, o espírita poderá aceitar (sem traumas) a cerimônia religiosa do casamento, segundo o costume da religião do seu pretendente. Esta condescendência, todavia, tem suas linhas demarcatórias. Só é aceitável se houver uma profunda necessidade espiritual do(a) noiva(o), porém não se justifica quando a pessoa for apenas uma religiosa de fachada, por convenção social, ou quando a exigência é feita pela família dela. Todavia, se houver por bem ceder, que o espírita não se submeta aos sacramentos individuais como no caso do batismo, da confissão, da comunhão etc., etc., etc. Nesse aspecto, caberá ao cônjuge não espírita providenciar a dispensa dos sacramentos individuais para o espírita.

Reflitamos o seguinte: quem é que dá a um homem o direito de estabelecer esse vínculo sagrado entre duas pessoas? Casamento não depende de nada exterior, de nenhuma ação alheia aos noivos. As duas criaturas se casam e ninguém tem o poder de estabelecer vínculos entre elas. Nem o Juiz de Paz promove o casamento. Essa Autoridade apenas registra nos anais da sociedade, para os efeitos legais, o casamento que é diante dela declarado. Portanto, “o casal espírita apresenta-se diante da autoridade civil apenas para declarar o seu casamento, solicitando seja ele registrado, e não para receber qualquer tipo de legitimação. A legitimidade do casamento é dada pelo grau de responsabilidade e de amor que presidiu a formação do casal.” (3)

Naturalmente, os noivos espíritas devem ter consciência de como se casar perante a sociedade e a espiritualidade, respeitando as convicções dos familiares “não espíritas”, mas tentando fazer prevalecer as suas certezas doutrinárias. O legítimo espírita precisa colaborar para que haja a renovação das concepções religiosas, e não logrará êxito se em nome de uma “falsa humildade e fingida tolerância” ocultar o que já conhece e se curvar ante os costumes religiosos tradicionais. Se somos espíritas, por que então nos mantermos algemados às fórmulas religiosas que nada significam para nossos ideais?

Muitas vezes, confrades nos indagam se poderia e como seria realizada uma cerimônia de casamento espírita. Considerando que o assunto é de alta gravidade e de grande repercussão, atestamos, sem muitas delongas, que não existe ritual nem cerimônia religiosa para o casamento entre espíritas. O Espiritismo é uma doutrina filosófico-religiosa, com aspectos científicos e consequências éticas e morais, mas não se constitui numa estrutura clerical formalizada. Dessa forma, diferentemente de outras correntes religiosas, não comporta em suas práticas nenhum cerimonial, rito ou aspecto específico ligado ao casamento convencional. Ou seja, não há cerimônia de casamento religioso espírita.

"O Espiritismo não tem sacerdotes e não adota, e nem usa em suas práticas, altares, imagens, andores, velas, procissões, sacramentos, concessões de indulgência, paramentos, bebidas alcoólicas ou alucinógenas, incenso, fumo, talismãs, amuletos, horóscopos, cartomancia, pirâmides, cristais ou quaisquer outros objetos, rituais ou formas de culto exterior.” (4) No local escolhido para a cerimônia civil, uma prece singela poderá ser feita por um familiar dos noivos. Não há necessidade de convidar um presidente (“dirigente-mor”) de centro, um orador espírita, um médium, nem é preciso que um “guia” se comunique para “abençoar” o consórcio.

Alias, sendo a prece sincera a sublimação do sentimento e a exaltação do amor, em realidade, por questões de afinidade e afetividade, certamente os familiares e os amigos amam mais os noivos que o dirigente espírita, o “oficiante”; portanto a oração feita por eles será bem mais produtiva. Ainda, os noivos espíritas, junto à família, no abençoado reduto do lar, poderão fazer o Culto do Evangelho, usufruindo de um ambiente espiritual mais sereno e pacificado do que a exposição pública no ato da cerimônia civil ou de festas, onde muitas criaturas lá comparecem com o único interesse social.

Dessa forma, o dirigente espírita, consciente das suas enormes responsabilidades e conhecedor das bases doutrinárias do Espiritismo, saberá esquivar-se dos convites que recebe para “oficiar” casamentos, informando, com humildade e educação, os pretendentes, quase sempre pouco conhecedores do Espiritismo, que na Doutrina Espírita tal prática não existe. Se aceitar o convite demonstrará que conhece o Espiritismo ainda menos que os noivos.

O casamento é a eliminação do egoísmo; não fere as leis da Natureza; “é um progresso na marcha da Humanidade. Sua abolição seria regredir à infância da Humanidade e colocaria o homem abaixo mesmo de certos animais que lhe dão o exemplo de uniões constantes.”(5). O casamento, enfim, é um compromisso livremente assumido por dois Espíritos perante o altar de suas consciências. Está muito acima de qualquer bênção religiosa ou da assinatura de qualquer documento diante de uma autoridade civil ou religiosa. Trata-se de uma sociedade conjugal, estabelecida pelo próprio casal, num plano eminentemente moral, ético.

O que nos parece deve prevalecer, em vez da ritualística que lentamente vai sendo introduzida e aceita por desconhecimento doutrinário, é que se leve em consideração a proposta filosófica de uma visão ampla, de uma observação cuidadosa dos fatos da vida e de como o Espiritismo os explica e os orienta, ensejando, deste modo, um comportamento ético-moral mais compatível com a Terceira Revelação.

Em tese, não há e NUNCA haverá espaço no universo doutrinário para a celebração de um "casamento religioso espírita". E para os contumazes dirigentes “oficiantes” de casamentos recomendamos buscarem outros quintais “espiritualistas” e se distanciem depressa do Espiritismo para não conspurcá-lo ainda mais!

Jorge Hessen

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Centro de Estudos Espíritas Paulo Apóstolo - Ceepa, Mirassol - SP


Seja você espírita ou não, provavelmente, já se viu em determinada situação em que alguém lhe transmitiu alguma "mensagem", recebida por algum médium, adivinho ou "sensitivo", tendo você como especial destinatário. É muito provável, também, você conhecer pessoas que andam consultando e recebendo instruções de espíritos por aí, na intenção de obter soluções rápidas para seus problemas ou aflições. Há também o caso daquele seu vizinho que "recebe" tal e qual entidade e "trabalha" em casa mesmo.

Pois bem, você deve ter ficado em dúvida, sem saber discernir o conteúdo dessas mensagens. Teria sido proveniente de um espírito mesmo? Ou então, no mínimo, teria esse espírito uma índole moral superior capaz de merecer a sua confiança?

Levando ainda essa questão para o campo estritamente psíquico, da influenciação espiritual, a que todos estamos sujeitos e que ocorre inconscientemente, na rotina de nossas vidas, podemos observar a natureza de nossas próprias cogitações mentais. O que estamos cogitando? Seja o que for, será algo digno de alguém preocupado com a auto-educação espiritual?

Respostas para dúvidas mediúnicas estão na obra de Allan Kardec


O codificador do espiritismo, Allan Kardec, em sua obra O Livro dos Médiuns, deixou tudo isso muito bem claro e, para os estudiosos da doutrina, o que falamos aqui não é nenhuma novidade. Mas, para quem está chegando agora e para os que se interessam em recapitular o aprendido, aqui vão 26 maneiras de identificar se uma comunicação é proveniente de um espírito superior ou não:

  1. Não há outro critério para discernir o valor dos espíritos senão o bom-senso.

  2. Conhecemos os espíritos pela sua linguagem e pelos seus conselhos, ou seja, pelos sentimentos que inspiram e os conselhos que dão.

  3. Uma vez admitido que os bons espíritos não podem dizer e fazer senão o bem, tudo o que for mau não pode provir de um bom espírito.

  4. A linguagem dos espíritos superiores é sempre digna, nobre e elevada, sem mistura de trivialidades. Dizem tudo com simplicidade e modéstia, não se gabam jamais, não exibem seu saber nem a sua posição entre os outros.
    A linguagem dos espíritos inferiores ou vulgares tem sempre algum reflexo das paixões humanas. Toda expressão que indique baixeza, presunção, arrogância, fanfarrice, acrimônia, é indício característico de inferioridade, ou de fraude se o espírito se apresenta sob um nome respeitável e venerado.

  5. Não é pela forma material e nem pela correção do estilo que se julga um espírito mas, sim, sondando-lhe o íntimo, esquadrinhando suas palavras, pesando-as friamente, maduramente e sem prevenção. Todo desvio de lógica, razão e de sabedoria, não pode deixar dúvida quanto à sua origem, qualquer que seja o nome com o qual se vista a entidade espiritual comunicante.

  6. A linguagem dos espíritos elevados é sempre idêntica, senão quanto à forma, pelo menos quanto ao fundo. Não são contraditórios.

  7. Os bons espíritos não dizem senão o que sabem, calam-se ou confessam sua ignorância sobre o que não sabem.
    Os maus falam de tudo com segurança, sem se preocuparem com a verdade. Toda heresia científica notória, todo princípio que choque o bom-senso, mostra a fraude se o espírito se diz esclarecido.

  8. É fácil reconhecer os espíritos levianos pela facilidade com que predizem o futuro e precisam fatos materiais que não nos é dado conhecer. Os bons espíritos podem fazer pressentir as coisas futuras quando esse conhecimento for útil, mas não precisam jamais as datas: todo anúncio de acontecimento com época fixada é indício de uma mistificação.

  9. Os espíritos elevados se exprimem de maneira simples, sem prolixidade. Seu estilo é conciso, sem excluir a poesia de idéias, de expressões sempre inteligíveis e ao alcance de todos, sem exigir esforço para ser compreendido. Têm a arte de dizerem muitas coisas com poucas palavras, porque cada palavra tem sua importância.
    Os espíritos inferiores, ou falsos sábios, escondem sob a presunção e ênfase o vazio dos pensamentos. Sua linguagem, freqüentemente, é pretensiosa, ridícula, ou obscura à força de querer parecer profunda. Mas não é.

  10. Os bons espíritos jamais ordenam: não se impõem, aconselham e, se não são escutados, se retiram. Os maus são imperiosos, dão ordens, querem ser obedecidos e permanecem mesmo assim. Todo espírito que se impõe, trai sua origem. São exclusivos e absolutos em suas opiniões, e pretender ter, só eles, o privilégio da verdade. Exigem uma crença cega e não apelam à razão, porque sabem que a razão os desmascariam.

  11. Os bons espíritos não lisonjeiam. Aprovam quando se faz o bem, mas sempre com reservas. Os maus dão elogios exagerados, estimulam o orgulho e a vaidade, pregando a humildade, e procuram exaltar a importância pessoaldaqueles a quem desejam captar.

  12. Os espíritos superiores estão acima das puerilidades da forma e em todas as coisas. Só os espíritos vulgares podem dar importância a detalhes mesquinhos, incompatíveis com as idéias verdadeiramente elevadas. Toda prescrição meticulosa é um sinal certo de inferioridade e de fraude da parte de um espírito que toma um nome importante.

  13. Desconfie dos nomes bizarros e ridículos que tomam certos espíritos que querem se impor à credulidade. Seria soberanamente absurdo tomar esses nomes a sério.

  14. Desconfie também dos espíritos que se apresentam muito facilmente com nomes extremamente venerados e não aceite suas palavras senão com a maior reserva. Neste caso é necessário um controle severo e indispensável, porque, freqüentemente, é uma máscara que tomam para fazer crer em pretendidas relações íntimas com os espíritos excepcionais. Por esse meio afagam a vaidade do médium e dela se aproveitam para induzi-lo, constantemente, a diligências lamentáveis ou ridículas.

  15. Os bons espíritos são muito escrupulosos sobre as atitudes que podem aconselhar. Em todos os casos, não aconselham jamais se não houver um objetivo sério eminentemente útil. Deve-se considerar como suspeitas todas as que não tiverem esse caráter, ou não estiverem de acordo com a razão. É ainda necessário refletir maduramente todo conselho recebido para não correr o risco de expor-se a mistificações desagradáveis.

  16. Os bons espíritos podem também serem reconhecidos pela sua prudente reserva sobre todas as coisas que podem comprometer. Repugna-lhes revelar o mal.
    Os espíritos levianos ou malévolos se comprazem em faze-lo realçar. Enquanto que os bons procuram suavizar os erros e pregam a indulgência, os maus os exageram e sopram a cizânia por meio de insinuações pérfidas.

  17. Os bons espíritos prescrevem unicamente o bem. Toda máxima, todo conselho que não esteja estritamente conforme a pura caridade evangélica, não pode ser obra dos bons espíritos.

  18. Os bons espíritos não aconselham jamais senão coisas perfeitamente racionais. Toda recomendação que se afaste dareta linha do bom-senso ou das leis imutáveis da natureza, acusa um espírito limitado e, por conseqüência, pouco digno de confiança.

  19. Os espíritos maus ou simplesmente imperfeitos se traem ainda por sinais materiais ante os quais a ninguém poderiam enganar. Sua ação sobre o médium é algumas vezes violenta, nele provocando movimentos bruscos e sacudidos, uma agitação febril e convulsiva, que se choca com a calma e a doçura dos bons espíritos.

  20. Os espíritos imperfeitos, freqüentemente, aproveitam os meios de comunicação de que dispõem para dar pérfidos conselhos. Excitam a desconfiança e animosidade contra aqueles que lhe são antipáticos, os que podem desmascarar suas imposturas são, sobretudo, o objeto de sua repreensão.
    Os homens fracos são seu alvo para os induzir ao mal. Empregando, sucessivamente, os sofismas, os sarcasmos, as injúrias e até sinais materiais de seu poder oculto para melhor convencer, procuram desviá-los da senda da verdade.

  21. O espírito de homens que tiveram, na Terra, uma preocupação única, material ou moral, se não estão libertos da influência da matéria, estão ainda sob o império das idéias terrestres, e carregam consigo uma parte de preconceitos, de predileções e mesmo de manias que tinham neste mundo. O que é fácil de se reconhecer pela sua linguagem.

  22. Os conhecimentos com os quais certos espíritos se adornam, com uma espécie de ostentação, não são um sinal de sua superioridade. A inalterável pureza dos sentimentos morais é, a esse respeito, a verdadeira prova de sua superioridade moral.

  23. Não basta interrogar um espírito para conhecer a verdade. É preciso, antes de tudo, saber a quem se dirige, porque os espíritos inferiores, ignorantes eles mesmos, tratam com frivolidade as questões mais sérias.
    Também não basta que um espírito tenha tido um grande nome na Terra, para ter, no mundo espírita, a soberana ciência. Só a virtude pode, em purificando-o, aproximá-lo de Deus e desenvolver seus conhecimentos.

  24. Da parte dos espíritos superiores, o gracejo, freqüentemente, é fino e picante, mas jamais é trivial. Entre os espíritos gracejadores que não são grosseiros, a sátira mordaz é sempre muito oportuna.

  25. Estudando-se com cuidado o caráter dos espíritos que se apresentam, sobretudo do ponto de vista moral, se reconhece sua natureza e o grau de confiança que se lhe pode conceder. O bom-senso não poderia enganar.

  26. Para julgar os espíritos, como para julgar os homens, é preciso saber primeiro julgar a si mesmo. Infelizmente, há muitas pessoas que tomam sua opinião pessoal por medida exclusiva do bom e do mau, do verdadeiro e do falso. Tudo o que contradiga sua maneira de ver, suas idéias, o sistema que conceberam ou adotaram, é mau aos seus olhos. A tais pessoas, evidentemente, falta a primeira qualidade para uma justa apreciação: a retidão do julgamento. Mas disso não suspeitam. É o defeito sobre o qual mais nos iludimos.


Acreditamos que tendo essas considerações em mente, fica bem mais fácil discernirmos a qualidade de nossos próprios pensamentos e também nos precavermos de tanta charlatanice que anda deturpando a essência esclarecedora do espiritismo por aí.
Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso, que deve presidir a existência das criaturas, pode fazer apologia da loucura generalizada que adormece as consciências nas festas carnavalescas.  É lamentável que na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhes a chave maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando-lhes as belezas e os objetivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com os títulos da civilização. Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o caráter e os sentimentos prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados fazem desaparecer.

Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva nos corações e às vezes toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever.

É estranho que as administrações e elementos de governos colaborem para que se intensifique a longa série de lastimáveis desvios de espíritos fracos, cujo caráter ainda aguarda o toque miraculoso da dor para aprender as grandes verdades da vida.

Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidades e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se intensifique o olvido de obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divinos.

Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos na assistência social aos necessitados de um pão e de um carinho.  Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras. Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que será a esperança dos que choram e sofrem?  Que os nossos irmãos espíritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretensiosas opiniões, colaborando conosco, dentro de suas possibilidades, para que possamos reconstituir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas.

É incontestável que a sociedade pode, com o seu livre-arbítrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um eloqüente atestado de sua miséria moral.

Chico Xavier (médium)
Emmanuel (espírito)


Fonte:
Revista Reformador
Publicação da FEB
02/1987
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