Por Allan KardecNOTA: Por evocações anteriores sabíamos que Bernard Palissy, o célebre oleiro do século XVI, habita Júpiter. As respostas que se seguem confirmam em todos os pontos quanto nos foi dito sobre esse planeta, em várias ocasiões, por outros Espíritos e através de diferentes médiuns. Pensamos que serão lidas com interesse, como complemento do quadro que traçamos em nosso último número. A identidade que apresentam com as descrições anteriores é um fato notável que vale pelo menos como uma presunção de exatidão.
R: Trinta anos.
4. Lembras-te do nome dessa mulher?
R: Era obscuro.
R: Que me importam as obras materiais de minhas mãos? O que me importa é o sofrimento que me elevou.
R: Com o fim de vos inspirar o desejo de vos tornardes melhores.
R: Ao vosso globo venho apenas como Espírito; o Espírito não tem mais sensações materiais.
R: Não. Ela é suave e temperada; é sempre igual, enquanto a vossa varia. Lembrai-vos dos Campos Elíseos, cuja descrição já vos fizeram.
R: Do conhecimento positivo. A evocação permanecia nas mãos dos sacerdotes.
R: Não.
R: Júpiter é cercado de uma espécie de luz espiritual, em relação com a essência de seus habitantes. A luz grosseira de vosso Sol não foi feita para eles.
R: Sim.
R: Não: os homens não são os mesmos; suas necessidades mudaram.
R: Sim.
R: Mais etérea.
R: Não. Nosso globo não é atormentado como o vosso: lá a Natureza não teve suas grandes crises. É a morada dos bem-aventurados. Nele, a matéria quase não existe.
R: Sim; mas são mais belas.
R: Sim: ela é a mesma.
R: Grandes e bem proporcionados. Maiores que os vossos maiores homens. O corpo do homem é como a impressão de seu espírito: belo, onde ele é bom. O invólucro é digno dele: não é mais uma prisão.
R: Há uns e outros. Uns têm tal propriedade; outros têm outra, conforme o seu destino.
R: O corpo envolve o Espírito sem o ocultar, como um tênue véu lançado sobre uma estátua. Nos mundos inferiores o envoltório grosseiro oculta o Espírito aos seus semelhantes. Mas os bons nada mais têm para se ocultarem: podem ler reciprocamente em seus corações. Que aconteceria se assim fosse aqui?
R: Sim: há por toda parte onde existe a matéria; é uma lei da matéria.
R: Puramente vegetal. O homem é o protetor dos animais.
R: Sim.
R: Mais longa.
R: Como medir o tempo?
R: Creio que mais ou menos cinco séculos.
R: O homem conserva sua superioridade: a infância não comprime a inteligência nem a velhice a extingue.
R: Não estão sujeitos aos vossos males.
R: Entre a ação e o repouso.
R: Teria que falar muito. As suas principais ocupações são o encorajamento dos Espíritos que habitam os mundos inferiores, a fim de que perseverem no bom caminho. Não havendo entre eles infortúnios a serem aliviados, vão procurá-los onde esses existem: são os bons Espíritos que vos amparam e vos atraem para o bom caminho.
R: Lá elas são inúteis. As vossas artes são brinquedos que distraem as vossas dores.
R: Sim.
R: Não: o desgosto da vida origina-se no desprezo de si mesmo.
R: Compacta para nós; mas não o seria para vós: ela é menos condensada.
R: Sim.
R: Não; há entre eles a comunicação pelo pensamento.
R: Sim. O Espírito não conhece entraves: nada lhe é oculto.
R: O conhecimento do futuro depende do grau de perfeição do Espírito: isto tem menos inconvenientes para nós do que para vós; é-nos mesmo necessário, até certo ponto, para a realização das missões de que nos incumbem. Mas dizer que conheçamos o futuro sem restrições seria nivelar-nos a Deus.
R: Não. Esperai até que tenhais merecido sabê-lo.
R: Sim; sempre. Não existe mais a matéria entre eles e nós.
R: Porque seria ela apavorante? Entre nós já não existe o mal. Só o mau se apavora ante o seu último instante: teme o seu juiz.
R: Crescem sempre em perfeição, sem passar por mais provas.
R: Sim; mas não é uma prova: só o amor do bem os leva ao sofrimento.
R: Não, porque são bons. Só existe fraqueza onde haja defeitos.
R: São Luís.
R: Que vos importa? Há missões desconhecidas, cujo objetivo e a felicidade de um só. Por vezes são as maiores; e as mais dolorosas.
R: Sim. O homem é o rei, o deus planetário.
R: Os animais não se estraçalham mutuamente. Vivem todos submetidos ao homem e se amam entre si.
R: Não: todos lhe são úteis.
R: Sim. O homem não mais se rebaixa para servir ao semelhante.
R: Todos estão ligados a uma família particular. Vós mudais à procura do melhor.
R: Estão no estado de submissão.
R: Não.
R: Eles as desenvolvem por si mesmos.
R: Certamente.
R: Sim. Aqueles que se amam se reúnem. Só as paixões estabelecem a solidão em torno do homem. Se o homem ainda mau procura o seu semelhante, que é para ele um instrumento de dor, por que o homem puro e virtuoso deveria fugir de seu irmão?
R: De diversos graus, mas da mesma ordem.
R: Todos bons, todos superiores. Por vezes o bem desce até o mal; entretanto, o mal jamais se mistura com o bem.
R: Sim: mas todos unidos entre si pelos laços do amor.
R: Pergunta inútil.
R: Ele chegará a isto, sem a menor dúvida. A guerra desaparecerá com o egoísmo dos povos e à medida que melhor seja compreendida a fraternidade.
R: Sim.
R: No seu grau superior de perfeição.
R: Têm maior ou menor soma de conhecimentos e de experiência; depuram-se à medida que se esclarecem.
R: Não; mas entre os povos há diversos graus.
R: A que entre vós é ocupada pelos macacos.
R: Sim.
R: Não há mais crimes.
R: Deus as fez.
R: Não: todos são irmãos. Se um possuísse mais que o outro, com este repartiria; não seria feliz quando seu irmão fosse necessitado.
R: Eu não disse que todos sejam igualmente ricos. Perguntaste se haveria gente com o supérfluo enquanto a outros faltasse o necessário.
R: A ninguém falta o necessário; ninguém tem o supérfluo. Por outras palavras, a fortuna de cada um está em relação com a sua condição. Estais satisfeitos?
R: Ele não pode sentir-se infeliz, desde que nem é invejoso nem ciumento. A inveja e o ciúme produzem mais infelizes que a miséria.
R: Em que isto vos importa?
R: Sim.
R: Nas leis da sociedade. Uns são mais adiantados que outros na perfeição. Os superiores têm sobre os outros uma espécie de autoridade, como um pai sobre os filhos.
R: Sim.
R: Sim. Mas na Terra é o homem submetido a imperfeições a fim de estar em relação com os seus semelhantes.
R: Fica errante durante algum tempo, até que se tenha livrado das imperfeições terrenas.
R: Não. Todos professam o bem e todos adoram um só Deus.
R: Por templo há o coração do homem; por culto, o bem que ele faz.
Descrição de Júpiter
Extraído da Revista Espírita, Abril de 1858
1. Onde te encontraste ao deixar a Terra?
R: Ainda me demorei nela.
2. Em que condições estavas aqui?
R: Sob o aspecto de uma mulher amorosa e dedicada. Era uma simples missão.
3. Essa missão durou muito?
5. Agrada-te a estima em que são tidas as tuas obras? Isto te compensa os sofrimentos que suportaste?
6. Com que fim traçaste, pela mão do Sr. Victorien Sardou (1) os admiráveis desenhos que nos deste sobre o planeta Júpiter, onde habitas?
7. Desde que vens com freqüência a esta Terra que habitaste várias vezes, deves conhecer bastante o seu estado físico e moral para estabelecer uma comparação entre ela e Júpiter. Pediríamos que nos elucidasses sobre diversos pontos.
ESTADO FÍSICO DO GLOBO
8. Pode-se comparar a temperatura de Júpiter a de uma de nossas latitudes?
9. O quadro que os antigos nos deram dos Campos Elíseos seria resultado do conhecimento intuitivo que eles tinham de um mundo superior, tal como Júpiter, por exemplo?
10. A temperatura, como aqui, varia conforme a latitude?
11. Segundo os nossos cálculos, o Sol deve aparecer aos habitantes de Júpiter num ângulo muito pequeno e, conseqüentemente, dar muito pouca luz. Podes dizer-nos se a intensidade da luz é ali igual à da Terra ou se é menos forte?
12. Há uma atmosfera?
13. A atmosfera de Júpiter é formada dos mesmos elementos que a atmosfera terrestre?
14. Lá existem água e mares?
15. A água é formada dos mesmos elementos que a nossa?
16. Há vulcões?
17. As plantas têm analogia com as nossas?
ESTADO FÍSICO DOS HABITANTES
18. A conformação do corpo dos seus habitantes tem relação com a nossa?
19. Podes dar-nos uma idéia de sua estatura, comparada com a dos habitantes da Terra?
20. Lá os corpos são opacos, diáfanos ou translúcidos?
21. Compreendemos isto em relação aos corpos inertes. Mas nossa pergunta refere-se aos corpos humanos.
22. Lá existe diferença de sexo?
23. Qual a base da alimentação dos habitantes? É animal e vegetal como aqui?
24. Disseram-nos que parte de sua alimentação é extraída do meio ambiente, cujas emanações eles aspiram. É verdade?
25. Comparada com a nossa, a duração da vida é mais longa ou mais curta?
26. Qual é a duração média da vida?
27. Não podes tomar um dos nossos séculos como termo de comparação?
28. O desenvolvimento da infância é proporcionalmente mais rápido que o nosso?
29. Os homens são sujeitos a doenças?
30. A vida está dividida entre o sono e a vigília?
31. Poderias dar-nos uma idéia das várias ocupações dos homens?
32. Lá são cultivadas algumas artes?
33. A densidade especifica do corpo humano permite ao homem transportar-se de um a outro ponto, sem ficar, como aqui, preso ao solo?
34. Existem lá o tédio e o desgosto da vida?
35. Sendo os corpos dos habitantes de Júpiter menos densos que os nossos, são formados de matéria compacta e condensada ou vaporosa?
36. O corpo, considerado como feito de matéria, é impenetrável?
37. Os habitantes têm, como nós, uma linguagem articulada?
38. A segunda vista é, como nos informaram, uma faculdade normal e permanece entre vós?
39. Se nada é oculto ao Espírito, conhece ele o futuro? Referimo-nos aos Espíritos encarnados em Júpiter.
40. Podereis revelar-nos tudo quanto sabeis sobre o futuro?
41. Comunicai-vos mais facilmente que nós com os outros Espíritos?
42. A morte inspira o mesmo horror e pavor que entre nós?
43. Em que se transformam os habitantes de Júpiter depois da morte?
44. Não haverá em Júpiter Espíritos que se submetam a provas a fim de cumprir uma missão?
45. Podem eles falhar em sua missão?
46. Poderias nomear alguns dos Espíritos habitantes de Júpiter que tivessem desempenhado uma grande missão na Terra?
47. Não poderias nomear outros?
DOS ANIMAIS
48. O corpo dos animais é mais material que o dos homens?
49. Há animais carnívoros?
50. Há porém animais que escapam à ação do homem, assim como os insetos, os peixes e os pássaros?
51. Disseram-nos que os animais são os operários e os capatazes que executam os trabalhos materiais, constroem as habitações, etc. É exato?
52. Os animais servidores estão ligados a uma pessoa ou família, ou são tomados e trocados à vontade, como aqui?
53. Os animais servidores vivem em escravidão ou no estado de liberdade? São uma propriedade, ou podem, à vontade, mudar de patrão?
54. Os animais trabalhadores recebem alguma remuneração por seus trabalhos?
55. As faculdades dos animais são desenvolvidas por uma espécie de educação?
56. Têm os animais uma linguagem mais precisa e caracterizada que a dos animais terrenos?
ESTADO MORAL DOS HABITANTES
57. As habitações de que nos deste uma mestra nos teus desenhos estão reunidas em cidades como aqui?
58. Os Espíritos são iguais ou de várias graduações?
59. Pedimos que te reportes especialmente à escala espírita que demos no segundo número da Revista e que nos digas a que ordem pertencem os Espíritos encarnados em Júpiter.
60. Os habitantes formam diferentes povos como aqui na Terra?
61. Sendo assim, as guerras são desconhecidas?
62. O homem poderia chegar, na Terra, a um tal grau de perfeição que a guerra fosse desnecessária?
63. Os povos são governados por chefes?
64. Em que consiste a autoridade dos chefes?
65. Em que consiste a superioridade e a inferioridade dos Espíritos em Júpiter, de vez que todos são bons?
66. Como aqui na Terra, lá existem povos mais ou menos avançados que outros?
67. Se o povo mais adiantado da Terra fosse transportado para Júpiter, que posição ocuparia?
68. Lá os povos se regem por leis?
69. Há leis penais?
70. Quem faz as leis?
71. Há ricos e pobres? Por outras palavras: há homens que vivem na abundância e no supérfluo e outros a quem falta o necessário?
72. De acordo com isso as fortunas de todos seriam iguais?
73. As duas respostas se nos afiguram contraditórias. Pedimos que estabeleças a concordância.
74. Agora compreendemos. Mas te perguntamos, entretanto, se aquele que tem menos não é infeliz em relação àquele que tem mais?
75. Em que consiste a riqueza em Júpiter?
76. Há desigualdades sociais?
77. Em que estas se fundam?
78. As faculdades do homem são desenvolvidas pela educação?
79. Pode o homem adquirir bastante perfeição na Terra para merecer passar imediatamente a Júpiter?
80. Quando um Espírito deixa a Terra e deve reencarnar-se em Júpiter, fica errante durante algum tempo, até encontrar o corpo a que se deve unir?
81. Há várias religiões?
82. Há templos e um culto?
(1) Victorien Sardou, médium psicógrafo que trabalhou com Allan Kardec: embora não soubesse desenho, foi o instrumento para os esplêndidos quadros de cenas de outros planetas. Foi membro da Academia Francesa e um dos mais fecundos comediógrafos franceses. (N. do T.)

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