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No Capítulo XIV de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec fala-nos do amor e respeito que os filhos devem aos seus pais.
O Codificador inicia o estudo “Honra a teu pai e a tua mãe” com os enunciados de Marcos, Lucas e Mateus, todos do Novo Testamento, e recorda-nos o que escreveu Moisés, do Velho Testamento, quando ofereceu o Decálogo à humanidade.
A ligação entre os parentes é normalmente importante. E quando chega novembro, no dia dos mortos, a maioria vai aos cemitérios reverenciar os familiares que se foram, quase sempre carregando lágrimas de saudade, associadas à falta de resignação. Outras vezes, lamentavelmente, o choro resulta da consciência pesada de quem só criou problemas ao familiar e agora visita o túmulo para pedir perdão.
A propósito desse assunto, gostaríamos de analisar o relacionamento entre as pessoas de uma família.

Segundo a doutrina dos Espíritos, é comum que os parentes de hoje sejam os inimigos do passado. O grau de parentesco muda, às vezes simplesmente se inverte, e aquele que causou o sofrimento volta para viver as dores da alma e do corpo que o farão aprender para não cometer novamente os mesmos erros. Quem sofre em sua pele entende melhor.
Normal, portanto, o desajuste que vemos nas famílias onde apenas os laços sangüíneos conseguem fazer com que o relacionamento se mantenha. É por isso que suportarmos no nosso filho os vícios e os defeitos de caráter que censuramos nos filhos alheios.
Quando o Espiritismo for maciçamente popularizado e as pessoas acreditarem de verdade que somos seres eternos e que nesse vaivém estamos aprendendo, desaparecerão os atos de animalidade tão comuns no homem moderno, frio, déspota, orgulhoso e egoísta.
Pais e filhos não passam de irmãos ligados por parentela circunstancial e provisória, que se altera em cada encarnação. A família carnal é a preparação da família espiritual. Isso todos já sabemos. Mas raramente convivemos com essa finalidade.
Nosso nascimento se deveu à bondade de Deus e à cumplicidade de espíritos encarnados que aceitaram nos oferecer a paternidade. Só esse gesto de amor e renúncia já nos obriga a respeitar nossos pais, independentemente dos defeitos que tenham e até mesmo da incompetência que demonstrem na nossa formação. Na Terra os homens são ainda muito imperfeitos e nossos pais não são exceções.
Antes do Espiritismo, uma frase comum saía da boca das crianças e dos jovens. Quando não tinham o tratamento que desejavam, resmungavam e desabafavam: -Eu não pedi para nascer.
Com o conhecimento das verdades espíritas, sabemos que pedimos, às vezes até imploramos ou, no mínimo, fomos aconselhados, por quem sabe mais do que nós, a voltarmos para crescer um pouco mais.
Kardec, no capítulo em questão, fala-nos sobre a Piedade Filial e procura trazer-nos lembranças esquecidas ao nos mostrar que quando crianças recebemos dos pais toda atenção, chegando eles a renunciar aos seus próprios direitos. Diz o codificador que nossa mãe nunca cobrou pelo leite que nos deu.
Depois de analisar e refletir sobre nossas vidas, concluímos que somos todos filhos ingratos. O egoísmo do ser humano não diminui nessas circunstâncias e é por isso que nunca pagamos aos pais o muito que nos deram. Daí o conhecido adágio: “Uma mãe cuida de dez filhos, mas dez filhos não cuidam de uma mãe.”
Em que consiste essa ingratidão dos filhos em relação aos seus pais?
A resposta envolve muitos aspectos. Entre eles citaremos os mais comuns:
os filhos deixam de amparar os pais materialmente, mesmo quando têm condições para tal. São pródigos com os amigos e avaros com os genitores;
os filhos, para ganhar mais dinheiro, transformam os pais em criados no lar. E quando a avó tem de tomar conta do neto, alegamos que ela o faz porque gosta;
os filhos excluem os pais do seu relacionamento social, especialmente quando são mais velhos, são um pouco surdos, faltam-lhes dentes e são de poucas letras, porque têm diplomas de doutores, mas esquecem que aquele certificado quase sempre tem o sangue e o suor dos velhos pais agora desprezados;
os filhos, quando há recursos, preferem internar seus pais em asilos ou deixá-los no quarto no fundo da casa, onde gozam, segundo eles, de maior privacidade e sossego. Dizem que isso é próprio de gente velha, porque se esquecem que eles também gostam de conversar e receber atenção.
A ignorância dos filhos não percebe que a natureza tudo registra e tudo cobra. A experiência tem-nos mostrado que há uma colheita imediata do que é semeado, ainda na presente encarnação. Filhos rebeldes têm filhos que lhes criam problemas muito parecidos aos que causaram aos seus pais. A grosseria que o filho usa com os pais é igual a que tem de aturar de seus filhos.
Independente da análise do presente, temos de considerar as implicações de tais atitudes em encarnações futuras. O filho que menospreza a família e nunca está satisfeito com as condições de vida que os pais podem lhe dar, reclamam da comida e da roupa, reclamam da falta de facilidades e presentes, negam-se a trabalhar para ajudar no sustento da casa, são candidatos à orfandade em encarnação futura. Irão dividir com muitas crianças o amor e a atenção da responsável pelo grupo, a qual jamais substituirá o carinho de mãe, por mais amorável e dedicada que seja.
Chorará todo filho que cause algum choro aos seus pais. E esse choro pode ser causado pelo filho que é desobediente e rebelde, pelo filho que se droga e causa desgosto, fazendo com que os pais não tenham o direito de descansar e preparar-se para o dia de trabalho. O filho que fica pelas madrugadas deixando seus pais agoniados e depois dorme o dia todo enquanto seus pais lutam pelo sustento do lar. Pobres destes porque não sabem o que plantam. Estão semeando ventos e colherão tempestades.
A encarnação destina-se ao crescimento espiritual do espírito para livrar-se de erros do passado. Tenhamos cuidado para não aumentar nossas dívidas e ter uma futura encarnação cheia de dores e angústias, por uma consciência cheia de erros e maldades.
Filhos amem seus pais. Pais amem seus filhos. Assim todos receberão, como recompensa, o amor e a misericórdia de Deus, com uma vida plena, alegre e produtiva. E ainda terão o direito de depositar a flor sobre uma campa, sem carregar pela vida a dor da consciência pesada.

Fonte: Revista Internacional de Espiritismo – nov/2004

Autor Fernando

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